Museu do Índio: desrespeito à memória
No dia em que o Governo da Cidade publica a sanção à lei de incentivo municipal aos produtores culturais, é também divulgado que o prefeito da Cidade, por uma penada de “duas linhas”, autoriza a demolição do prédio símbolo da cultura indígena na Cidade do Rio de Janeiro, desatendendo ao parecer do Conselho do Patrimônio Cultural da Cidade. Bravatas e contradições?
Este fato somente me mostra que os milhões a serem descontados dos impostos da Cidade para produção cultural de hoje poderão, em algumas décadas, ter o mesmo destino do prédio símbolo da cultura indígena – ou seja – chão, pó, ou lixo.
De que vale o dinheiro para produção cultural se não tivermos a garantia de que ela, depois de feita, será preservada para as futuras gerações? Será a criação de hoje um mero deleite dos produtores apenas do momento?
Se em 1865, o Duque de Saxe fez a doação do terreno (confira mais) e, depois, por ali passaram as atuações e o trabalho de centenas de brasileiros, dos incógnitos servidores públicos, aos famosos indigenistas, como Rondon e Darcy Ribeiro, e isso não tem valor cultural para Cidade, resta indagar: o que, então terá?
E aí, nem a memória do nosso futebol… em nome de que tudo mais estará sendo destruído, sobreviverá.
Rio, cidade sem memória, é cidade sem cultura: patrimônio da “des-humanidade”.
Sonia Rabello, sem querer mudar a prosa de tão importante discussão a respeito do Museu do Índio, pois como estamos falando da memória cultural, de uma cidade desmemoriada, peço-lhe se for possível, solicitar as autoridades dos órgãos públicos, federal, estadual e municipal de preservação aos Bens Patrimoniais, providências urgentes quanto da deterioração e a destruição da Fonte da Juventude, que foi esculpida em única peça de mármore carrara vindo da Itália há mais de 100 anos.presente de uma avícola portuguesa como presente a cidade para o então, Prefeito Pereira Passos.. O monumento que fica agora na entrada de quem vem de Botafogo para Copacabana está sem os braços e a cabeça e com várias pichações. Este mesmo monumento que ficava na entrada do Túnel Novo pro lado do bairro de Copacabana inexiste, havendo uma lacuna sem uma estátua. sobrando só os pedestais. É muito vergonhoso, degradante, desconfortável e lamentável que se fala tanto do turismo sadio, que esse tipo de omissão, abandono e leniência que venha dos próprios entes públicos municipal. Ainda não consigo entender o papel do IPHAN. Pra que serve? Um trabalho primoroso e valioso de mais de um século não ter sido tombado. Na mesma linha se segue a questão da imagem de Nossa Senhora de Copacabana, cópia fiel da verdadeira imagem vinda da Bolívia que foi confeccionada antes de 1638/39, Que fim levou a imagem da santa? Pois, a que está na Igreja da Ressurreição na Rua Francisco Otaviano é uma outra, completamente diferente da que foi doada a Cidade do Rio de Janeiro. É uma história de mais de 375 anos. E por que o IPHAN não tombou, ainda? Ou, tentar saber do paradeiro da imagem? É revoltante.
Meu super, total, incondicional ‘de acordo’!!!
Ontem foi aniversário do Marechal Cândido Rondon, e ele nem tinha casa para comemorar!!!
Seria apenas uma caipirice, não fosse um crime. Tomo a liberdade de deixar um link de um texto que escrevi a respeito: http://goo.gl/JM4Od . Mando também uma imagem do prédio do museu antes da construção do Maracanã: http://goo.gl/6iI50 .
Siga na luta.
Um abraço,
Jayme
Perfeita analise. a contradição faz parte da prefeitura!
Não só a arquitetura de uma cidade conta a história dela, como quem usufrui desta mesma arquitetura. Acabar com o edifício do Museu do Índio, é acabar com um símbolo do país. Para esse grupo de corporações é preciso que se acabe com essa cultura típica, pois será mais fácil, cada vez mais, empurrar-nos o lixo falido criado na Europa e EUA.
Quando eu era criança, me fantasiavam de índio no dia do índio. Hoje, as crianças são o Ben 10, o Wolverine.
concordo com a análise, mas quero discordar sobre o peso que as pessoas vem dando para a tal “Aldeia Maracanã”.
A “aldeia” não passa de uma ocupação recente, quando o imóvel estava abandonado pelos seuss proprietarios. A relação do predio com os indios virou História a partir da relação com Rondon e Darcy Ribeiro. É bacana que a denominação que ficou para o predio seja “Museu do Índio” embora o verdadeiro Museu do Indio tenha sido transferido para Botafogo. Nisso reside a Memória sobre o Indio Brasileiro. Isso é a Memória e História do Brasil!
Alem do mais o imóvel é centenário. Há uma arquitetura (não indigena, ressalvo) relevante. Eis por onde devemos lutar para preservar: a História do predio e sua relação com a cultura do país (que é muito grande) e tambem sua relevancia arquitetonica.
Penso que enquanto a lutar for por causa dos índios que atualmente estão ocupando o predio, vamos perder o bonde.
Pois foi a ocupação daquele espaço por eles que preservou aquela construção até o momento. Se eles índios não estivessem lá o prédio já teria sido demolido. Também penso que não deva ser local para um “albergue” indígena mas sim um centro de cultura, já que o atual Museu do Índio em Botafogo não lhes pertence. Lá é um espaço estranho a eles, onde não podem se reunir para praticar rituais nem danças, nem fazer artesanatos… o vínculo histórico está lá ao lado do Maracanã, nas proximidades onde viveu a Tribo Maracanã, onde Rodon recebia os índios que vinham à antiga Capital Federal para reinvindicar, e depois Darcy Ribeiro… aliás o fato de Rodon ter instalado ali o SPI foi uma resposta à comunidade internacional devido a um ocorrido massacre de índios que repercutiu negativamente no mundo todo.