São Paulo: partidos opostos favorecem entendimentos mais equilibrados
Em São Paulo, a Folha anuncia hoje acordo entre os governos estadual (PSDB) e municipal (PT) para melhorias nas áreas de segurança, moradia e creches. Esse anúncio é uma prova de que os administradores não precisam estar alinhados, no mesmo partido, para que os governos do Estado e Município estabeleçam políticas comuns em prol do interesse coletivo. Basta que os seus governantes sejam civilizados e atentos aos desejos de seus eleitores.
No Rio, o alinhamento do Governo do PMDB da Capital ao PMDB do governador tem trazido mais ônus do que bônus para a Cidade, já que o preço pago é o da submissão do prefeito aos desejos do governador.
Exemplo disso é o episódio da reforma do Maracanã e suas áreas adjacentes, com a demolição anunciada pelo Estado do Museu do Índio e da Escola Friedenreich (adiada, mas não descartada). Os cidadãos da Cidade não desejam essas demolições; os órgãos da Prefeitura recomendam sua preservação; mas o prefeito da Cidade só tem ouvidos para o projeto do governador, que quer a privatização desta área da cidade – tudo sem plano urbanístico!
Outro exemplo é o das obras da linha 4 do Metrô, para as quais, nas audiências públicas convocadas pelo Governo do Estado, nenhum representante da Prefeitura compareceu – nem para ouvir, ou consolar, as 26 associações de moradores da Cidade que eram contra a modificação do traçado original. O novo traçado era desejo do governador e ponto final: o prefeito da Cidade não se mete!
A época em que não éramos “alinhados” já deixa muita saudades no Rio. Nossa Cidade volta a estar dependente, politicamente, das paixões e desejos do Estado do Rio – como na época da fusão. Infelizmente.
Sobre esse tema sabiamente desenvolvido acima, podemos supor uma tese: que a personalidade do mandatário do cargo público eletivo temporário é mais preponderante do que um plano de governo ou o próprio plano de poder do partido a que pertença. Uma personalidade submissa sempre estará à mercê de outra que se sobreponha pela ascendência pessoal, às vezes até amoral, ou por episódios estranhos ao conhecimento público ou por compromissos escusos assumidos pelo mais fraco junto ao mais forte.