R$ 30 milhões no lixo?
Confiram o texto de Alessandro Zelesco sobre a atual situação do Estádio de Remo. “Trata-se de uma área pública destinada ao desenvolvimento do Remo cuja finalidade de uso foi alterada ao arrepio da Lei. Tal como ocorreu com vários outros esportes, o Remo não teve `Legado´ algum após o Pan-2007, apesar dos milhões de reais despejados no Estádio de Remo da Lagoa.”
“Amigos do Remo,
Dez anos após o Ministerio Publico do RJ (Cidadania) impetrar na Justiça uma Ação Civil Pública contra o Estado do Rio de Janeiro por ceder, sem licitação, o Estádio de Remo da Lagoa a uma empresa privada, o processo parece longe de terminar…
Recentemente, o Ministro Mauro Campbell deu provimento ao recurso do MP, mas somente no sentido de que os autos retornassem para o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro a fim de que os pontos omissos do acórdão sejam objeto de julgamento pelo tribunal (decisão em anexo).
Vamos torcer agora para que o MP dê andamento ao processo…
Enquanto isso, a situação atual do Estádio de Remo permanece prejudicial ao esporte. Trata-se de uma área pública destinada ao desenvolvimento do Remo cuja finalidade de uso foi alterada ao arrepio da Lei. Tal como ocorreu com vários outros esportes, o Remo não teve `Legado´ algum após o Pan-2007, apesar dos milhões de reais despejados no Estádio de Remo da Lagoa.
Para 2016, a perspectiva é pior, devido ao maior volume de recursos públicos que serão drenados. Um exemplo desta malversação de dinheiro publico é o deck “flutuante” planejado para acomodar 10.000 espectadores numa instalação próvisória de custo caríssimo, quando existe solução tecnicamente superior e de custo inferior para abrigar a mesma quantidade de espectadores no próprio Estádio de Remo da Lagoa (Rio de Janeiro).
Para ter uma ideia de como o Rio 2016 planeja jogar dinheiro fora, dos 41 milhões de reais previstos para adaptar o Estádio de Remo da Lagoa para os Jogos Olímpicos de 2016, 89% (oitenta e nove por cento), ou seja R$ 36 milhões, serão gastos com instalações temporárias, sendo que grande parte deste montante será desperdiçado neste “deck flutuante” de elevada complexidade técnica e altíssimo custo, sem levar em conta a possibilidade de construções temporárias de arquibancadas na área do Estádio de Remo e no terreno adjacente (heliporto).
Este desperdício de dinheiro público, completamente evitável, é ainda mais revoltante ao verificar-se que imensas áreas no Estádio de Remo foram propositalmente deixadas vazias.
R$ 36 milhões é muito dinheiro…A quem interessa esta “sub-utilização” do Estádio de Remo da Lagoa, rebatizado de “Lagoon” pelo atual `operador´ privado?
Antes do Pan-2007, o governo do Estado do Rio de Janeiro, mandou implodir uma arquibancada do Estádio de Remo mesmo com a presença de um oficial de justiça com uma liminar em mãos, só para depois reconstruí-la com uma volumetria adequada aos cinemas no seu interior. Alem disto, na reconstrução, uma grande área da arquibancada foi tolhida para criação de uma `área de eventos´, que hoje serve muito bem às atividades do `operador´ privado. Esta área que foi tolhida, e outras disponíveis no Estádio de Remo, não estão sendo previstas para assistência das regatas de 2016. Porque?
Por que sub-dimensionar a capacidade do Estádio de Remo e desperdiçar dezenas de milhões de reais numa instalação provisória, de engenharia complexa, completamente evitável?
Esta é a pergunta que não quer calar!
As figuras em anexo falam por si.”
Alexandre Zelesco