Porto Maravilha é Maravilha…debaixo da terra!

O Porto Maravilha no Rio é realmente maravilhoso.  Maravilhoso no que está sendo redescoberto sob a terra!
 
Na última sexta-feira, 04 de maio, fizemos uma excursão pela área do Porto – durante séculos, principal porta de entrada da cidade, o que explica o seu sentido do centro urbanístico – que está sendo redescoberta. Os trabalhos de renovação do Porto revelaram uma verdadeira cidade sob a terra.  

 
O Rio, a exemplo de Roma e Paris, também tem as suas ruínas.  É emocionante transitar pelo o que está sendo descoberto na rua Sacadura Cabral, uma de suas principais vias.  
Trata-se da redescoberta de um dos mais significativos, e preservados, sítios arqueológicos da América Latina.
A arqueóloga Tania Lima e
Sonia Rabello durante
visita às escavações

E essa redescoberta foi fruto do dedicado e competente trabalho da arqueóloga, Profª. Tania Andrade Lima, do Museu Histórico Nacional, responsável pela 1ª fase da pesquisa arqueológica, que localizou, em toda a região portuária, as referências do porto e dos trapiches de comércio.

Mas quem quiser conhecer o percurso dos trapiches, na Rua Sacadura Cabral tem que ir logo ver. Ao que parece, a opção foi a de destruí-los, para dar lugar à passagem dos novos serviços de drenagem da área.
A rigor, essa operação não seria necessária, pois a drenagem poderia ser feita do lado oposto da rua. Porém, naquele lado, passa uma malha desorganizada de tubos e fios das empresas concessionárias de serviços públicos – Light,  CEG e Cedae –  que, como são de difícil trato, optou-se por não incomodá-las. Assim, a drenagem será feita tendo como preço o sacrifício das ruínas arqueológicas dos trapiches histórico-arqueológicos do Rio.
O Cais do Valongo foi descoberto
embaixo do Cais da Imperatriz

Percorrendo a rua Sacadura Cabral, ao longo das incríveis ruínas dos trapiches, chegamos, finalmente, ao que se chamou, no início dos trabalhos, de Cais da Imperatriz, sob o qual foi descoberto um sítio arqueológico do Cais do Valongo (1811-1842): ponto por onde entraram no Rio, de 500 mil a 1 milhão de negros, vindos da Africa – marcas da execrável escravidão, mas também da nossa riqueza cultural.
 
Primeiro encontramos pedras costaneiras e, com as escavações, achamos os paralelos, que eram de vanguarda em 1842, ano de construção do Cais da Imperatriz. Em um corte diagonal nessas pedras, encontramos um caminho irregular e mal talhado que foi o Cais do Valongo”, contou Tânia.

O cais fazia parte de um complexo que abrangia o local de chegada e de compra de escravos, várias casas de comércio, e um lazareto – local reservado à quarentena obrigatória dos recém-chegados, em razão de possíveis doenças contagiosas e epidêmicas. (A ilha de Bom Jesus, no Fundão, também faz parte do complexo de portos, possuindo um lazareto).

 
Havia também um cemitério, pois muitos morriam na viagem ou chegavam semimortos. Os trapiches de pequenos armazéns fazem parte do tesouro arqueológico, que abrange uma área de 2,5 quilômetros quadrados.

O piso em paralelo –  de vanguarda para a época – marca o Cais da Imperatriz.
Logo abaixo, é possível visualizar as pedras disformes do Cais do Valongo

O local é tão rico em história e arqueologia do Rio que, na última sexta-feira, dia 04, outro importante achado movimentou a equipe de escavação: foi encontrada a pedra fundamental das “Docas D. Pedro II”, lavrada em 15/09/1871. Além disso, vários canhões e inúmeros artefatos religiosos também fazem parte do tesouro arqueológico já encontrado nas escavações.

 

Qual será o destino de tudo isso ? Como a Cidade preservará tão importante riqueza?

A preservação desse patrimônio é a garantia do futuro cultural e turístico da Cidade. Qual o plano de preservação ? 

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2 Resultados

  1. Orlando Severo disse:

    Sra. Rabello,
    A elite deste país só valoriza o que vem do exterior. Para ela todos são brancos. Ainda é reflexo do comportamento dos colonizadores. Os negros que aqui aportaram também têm o que dizer. Ajudaram a construir este país. Por que tudo o que diz respeito à cultura negra é desvalorizado pelos governantes? Só vale o que veio da cultura branca? Querem destruir as evidências de como os negros eram tratados pelos portugueses no Brasil. Isto é um absurdo. Fiquem sabendo que a verdade é negra e ninguém gosta da verdade no Brasil. Consequentemente, ninguém gosta dos negros brasileiros.

  2. Anonymous disse:

    Vereadora, estou estupidificado com seu relato. Então, surge uma 'das maiores descobertas' da arqueologia da América latina e tudo será "descartado"? Destruído? As obras públicas em países desenvolvidos respeitam a memória da Cidade e dos seus habitantes. Por que esconder estes artefatos em algum depósito para mofar? Em Paris e em Roma, as obras públicas são paralisadas até se decidir o que fazer com o sítio histórico descoberto. Muitas obras foram revistas em razão da cultura material encontrada…O achado passou a ser o principal tesouro a ser preservado. O que o Rio de Janeiro mostará para seus moradores? Qual a história de sua cidade? E o turismo na cidade? Acho que estou ficando meio lélé da cuca… Só por que é sobre memória do tráfico de escravos? Não entendo este desrespeito á memória do País. Temos de honrar nossas raízes, sejam quais forem. É por isso que este país não se desenvolve. Vai ficar rastejando para sempre… Nada dá certo por aqui!

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