Theresa May e as Olimpíadas do Rio
Theresa May, a nova primeira ministra britânica, faz o seu primeiro discurso invocando a necessidade de um Reino Unido mais solidário com as necessidades da sua população: saúde, educação, assistência e ajuda social inclusivas.
Na contramão dos propósitos firmados pela primeira ministra do Partido Conservador Britânico, aqui no Brasil há os que ainda tentam dar algum sentido de interesse público às Olimpíadas do Rio. Até o prefeito do Rio jogou a toalha, em recente entrevista ao jornal britânico “The Gardian”, quando afirma que “a ressaca depois dos jogos pode vir forte”.
Os Jogos Olímpicos do Rio vêm sendo definitivamente carimbados como o megaevento dos “privilégios para os mais ricos, das remoções de muitas pessoas do seu local de moradia e da militarização do espaço público“. Isso é o que afirma o estudioso do tema Jules Boykoff, doutor em Ciência Política e professor da American University, de Washington, em entrevista ao jornal digital BBC Brasil, no último dia 12 de julho.
O referido professor afirma que isso não é novo nos megaeventos, “mas que no Rio ‘você vê essas tendências aumentadas, e com clareza muito maior”. Ele está lançando, em livro, seus estudos sobre o assunto. Aliás, no Brasil, a professora Neuma Aguiar, da Universidade Federal da Bahia, já afirmou o mesmo em seu livro, publicado há dois anos, ao qual já nos referimos neste blog. (O Poder dos Jogos, e os Jogos do Poder)
Vamos destacar aqui alguns pontos da entrevista:
1. Que os orçamentos das Olimpíadas são irreais, e que o COI (instituição internacional privada) esconde o seu próprio orçamento a sete chaves. Por isso, quando a aceitação dos jogos é feita com consulta à população, cada vez mais, em algumas cidades, os cidadãos estão dizendo não à proposta de sediar as Olimpíadas (como no caso de Noruega, Polônia e Suécia). Isso porque estão cientes que, ao fim e ao cabo, serão eles a pagar pelos seus custos . O Professor afirma que Montreal levou 30 anos para se pagar as dívidas deixadas pelas Olimpíadas lá realizadas.
2. Que no caso do Rio, depois de 10 anos da candidatura, “muito desse dinheiro público acabou servindo para proporcionar vantagens aos segmentos mais ricos da população carioca, as elites econômica e políticas”, como no caso das habitações no Parque Olímpico e na Vila dos Atletas.
3. Que as promessas não foram cumpridas, especialmente, “com melhor saneamento básico, tratamento de esgoto e questões de sustentabilidade”.
4. Conclui dizendo: “De forma geral, nenhuma Olimpíada recente serviu muito para o bem coletivo e essa é uma das maiores enganações.”
As Olimpíadas estão aí. É irreversível. Mas, pelo menos, podemos aprender a lição e não nos deixarmos mais enganar com a lábia de políticos atrasados, que apostaram e bancaram esta extorsão de recursos públicos.
Theresa May neles!
Confira mais uma reportagem do The Guardian