Falácias da “municipalização” no Rio

Municipalizar se tornou palavra de ordem no discurso político no Rio.  Mas, por enquanto, a prefeitura joga para o futuro o que já pode fazer hoje.  O atual prefeito diz hoje nos jornais que pretende municipalizar os bondes de Santa Teresa e a CEDAE.  Mas isso depende de sua vontade pessoal ou de competências constitucionais? Vejamos:

1. Os bondes são municipais, segundo se lê na Constituição Federal – art. 30, V.  Falamos isso desde setembro de 2011, no plenário da Câmara. Mas, ao invés de o prefeito agir imediatamente junto ao seu parceiro do governo do estado para atender ao “bonde que queremos” – como transporte municipal, e não transporte turístico, fala no futuro, para o próximo governo.  Por que, se até o momento, neste ano inteiro, a prefeitura do Rio jamais interveio em prol do “bonde que queremos”, assumindo-o como municipal ?

2.  Como acreditar que a prefeitura assumirá sua responsabilidade no transporte municipal se não tomou qualquer atitude em prol do “metrô que queremos” na Cidade?  São 26 associações de moradores que pleiteiam a linha 4 do metrô via Botafogo e 15 mil assinaturas em prol da estação de Ipanema fora da Praça N.Sa. da Paz.  Ouviu-se alguma palavra do prefeito ou do secretário municipal de Transportes sobre essas legítimas reivindicações da população da Cidade?  O metrô do Rio, como o bonde, é também transporte municipal, já que até o momento se circunscreve exclusivamente ao território do Rio (art.30, V da CF).  Mas a completa omissão da prefeitura neste setor é gravíssima, pois ela faz BRTs e BRSs como se o transporte na cidade pudesse estar desarticulado de um sistema! Incompetência ou conveniência política, apesar das “parcerias” políticas?

3.  Finalmente, a bola da vez: o saneamento e a sujeira do esgoto despejado nas lagoas e rios de toda a cidade, principalmente de Jacarepaguá e Barra.  Independentemente de a CEDAE ser ou não municipal, cabe à Prefeitura cumprir o Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257/2001), art.2º, inc.VI, c e g, e não licenciar imóveis que não tenham infraestrutura sanitária.  O Plano Diretor e a lei municipal dizem também isso, mas são interpretados como se a exigência não existisse!  Ora, se a prefeitura simplesmente cumprisse a sua parte, já seria um avanço, mostrando que já tem condições de assumir responsabilidades maiores.

Municipalização é importante para o Rio, desde que o prefeito resolva assumir integralmente as competências que já tem e as execute com proficiência e responsabilidade, já!

Confira o meu discurso feito na tarde desta quinta-feira, 13, no Plenário da Câmara Municipal, e leia também o nosso post “Rolha ecológica é rolha no licenciamento”

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2 Resultados

  1. SR isso de municipalizar x,y ou z não passa de cascatta, conversa fiada, criação de pontos de polêmica, pra deixar as pessoas ocupadas.
    A COISA NÃO É PRA SER LEVADA À SÉRIO.
    Isso é brincadeirinha brasileira; uma vez ocupa as cabeças das pessoas, os itens principais deixam de ser preocupações, se tornam mais um clássico na lista de gatimanhas municipais.

  2. Prezada Sonia, embora estejamos em campanha e disputando espaço no legislativo, em tese como concorrentes, quero lhe dizer que admiro muito o seu trabalho, a sua competência e a consistência de suas posições. No meu ponto de vista você é um dos quadros mais importantes em nosso legislativo municipal, não me referindo ao nosso partido, mas a todos, sem desmerecer nossos colegas de partido e outros nomes respeitáveis da Câmara Municipal. Quero que tenha certeza de que eu torço muito pela sua eleição e que para mim será uma imensa satisfação, além de uma importante experiência, vir a tê-la como par na Câmara de Vereadores. Que nossos munícipes tenham a clareza de reconduzir nossos vereadores eleitos na gestão passada e incluir os novos valores que nosso partido trouxe para esta legislatura.
    Um grande abraço e meu profundo respeito.

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