A VISITA DO MINISTRO DA CULTURA AO RIO E O PALÁCIO GUSTAVO CAPANEMA
O Ministro da Cultura vem hoje ao Rio, e vai a Câmara Municipal receber uma homenagem – título de cidadão carioca! Não cabe discutir aqui o mérito do título, mas não se pode perder a oportunidade para dizer que o mais carioca dos prédios culturais, – o Palácio Gustavo Capanema -, no Centro do Rio, não testemunha em nada, qualquer cuidado que o Ministério da Cultura tenha com o Rio de Janeiro.
O prédio, símbolo internacional da arquitetura modernista está em largado, e completamente sem conservação, apesar de ali funcionarem o gabinete do próprio ministro da cultura, da educação, e vários órgãos federais de cultura no Rio.Dentre os orgãos federais que funcionam no prédio Palácio Capanema está o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a FUNARTE que, durante os últimos anos, vêm sofrendo uma sistemática política de pressão, visando esvaziar qualquer funcionamento destes órgãos no Rio de Janeiro.
Como é no Rio de Janeiro que é possível encontrar os técnicos mais qualificados na área, especialmente no caso do IPHAN, a política do Ministério, e da direção deste órgão tem sido a de não permitir que os funcionários lotados no Rio tenham qualquer cargo de chefia.
Assim, preferem uma chefia capenga em Brasília, sem técnicos de carreira e improvisada, do que permitir que os trabalhos se desenvolvam no Rio de Janeiro.Há anos as coisas funcionam assim; deteriorando os trabalhos técnicos de órgãos como o IPHAN, sob o pretexto de se tentar, ainda, fazer uma transferência de serviços da Administração Indireta do ministério para Brasília (o IPHAN é uma autarquia, como a FUNARTE – uma fundação, e tal como a PETROBRAS e o BNDES, não são da Administração Direta dos Ministérios, podendo perfeitamente não estar em Brasília…
Dizem que assim é bem melhor para o funcionamento destas entidades!)O estado precaríssimo de conservação do Palácio Gustavo Capanema, tombado nacionalmente, candidato a patrimônio da humanidade retrata o pouco zelo e apreço que o Ministério da Cultura tem deferido Rio de Janeiro.
Definitivamente a política cultural tem tirado do Rio os órgãos e serviços que tem funcionado bem, muito bem, aqui, por décadas, esvaziando o seu conteúdo cultural mais rico destas entidades – os seus recursos humanos, e esvaziando o Rio do privilégio de sediá-las com a competência que merecem.Que se homenageie o ministro, mas cobrando-lhe uma atitude concreta de reconhecimento e investimento efetivo no Rio.
Só para informar: na segunda-feira, o prédio não tenha energia suficiente para funcionar. A luz estava fraquinha e ficamos sem poder trabalhar. Isso não tem relação nenhuma com o apagão que anda pela cidade. Já é a segunda vez neste ano que isso acontece. Continuando: na terça-ferira não tinha água. O dia a dia de trabalho aqui é muito difícil. Os elevadores funcionam de forma precária. As janelas não abrem ou não fecham. Enfim, não conservam com segurança o prédio. O curioso ou irônico, é que na entrada do prédio, em cima da bancada, tem uma placa e um livro imenso para arrecadar assinaturas do Rio Patrimônio Cultural pela Unesco.