Meu aluguel residencial triplicou!

Meu aluguel residencial triplicou, diz o eleitor, no último debate promovido pela Rede Globo, na sexta-feira, dia 24. E o que responderam ambos os candidatos à Presidência da República? Disseram que o Programa “Minha Casa, Minha Vida” seria ampliado e, consequentemente, no futuro, este problema estaria resolvido! Quanto desconhecimento! Inocência ou ignorância de conhecimento e informação sobre o assunto?

As respostas de ambos os candidatos demonstra o quão distante está, até mesmos para os candidatos à chefia da Administração Superior da Nação, dos Estados e Municípios, o conhecimento sobre a relação entre preço da moradia (e preço de acesso à terra) e a regulação deste mercado (fundiário), através do planejamento urbano.  

E olha que os candidatos falaram e insistiram sobre o tema planejamento. Contudo, não foram capazes de fazer nenhuma relação entre o programa intensivo de construir moradia e a inafastável necessidade de sua inserção em um processo de planejamento urbano nas cidades.

Os candidatos só falaram em projetos e não em planejamento. E, dentre as críticas mais contundentes do programa federal de construir casas em massa, está no fato de que este programa (MCMV) está descolado do planejamento urbano das cidades.

Sem planejamento urbano qualquer projeto, mesmo os mais badalados, não plantam raízes e não constroem, para o futuro, cidades qualificadas para todos: com moradia a preço acessível seja por aluguel, seja por casa própria para todas as faixas de renda, com serviços urbanos de mobilidade, saneamento básico e tratamento de resíduos sólidos, com previsão de espaços destinados a equipamentos urbanos destinados à saúde pública, à educação, à cultura, ao lazer, espaços estes necessários para construção de postos de saúde e hospitais, escolas públicas de tempo integral de ensino fundamental, médio, técnico e superior, espaços destinados à prática de esportes e para artes, espaços de lazer com parques e áreas verdes, espaços para calçadas, bicicletas, para transporte público de ônibus, metrô, e também para carros!   

Como produzir estes espaços públicos e privados senão através de um planejamento urbano?

Talvez os candidatos se defendam dizendo que não podiam, para responder ao eleitor, complicar a resposta. Dizem os marqueteiros que a propaganda política é baseada na simplicidade das propostas. Mas simplicidade se diferencia do simplório. E o que vimos é que os candidatos acreditam, ao contrário do que afirmam, que o eleitor está mais para simplório do que para simples. Eu acho que não. Pelos rostos dos eleitores que fizeram as perguntas, inteligentes por sinal, eles não ficaram nada satisfeitos com as respostas, estas sim, bem simplórias.

Fica, no entanto, um alerta para todos nós que militamos nesta área do planejamento urbano: ainda estamos bem longe de popularizar o conhecimento em matéria de um urbanismo planejado.

PS: publicado um dia antes da escolha do futuro presidente, seja quem for!

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2 Resultados

  1. Sonia Rabello disse:

    Obrigada, Cristina, por seu comentário. Muito ilustrativo. Abraço, SR

  2. Cristina Reis disse:

    Prezada Sonia Rabello,

    Muito bem a sua colocação de discutir um assunto que já me incomoda há tempo que veio à tona por um eleitor indeciso. Realmente, a resposta de ambos candidatos à Presidência, demonstrou o quão distante da realidade e o desconhecimento sobre os valores exorbitantes de compra/venda e aluguel da moradia no Rio de Janeiro. A Cidade do Rio de Janeiro perdeu a noção da realidade, no que foi criado uma bolha mercadológica de especulação imobiliária criando-se um Apartheid Social. Esse apartheid social foi criado a partir do anúncio da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos com a intenção de subverter a ordem lógica do Direito à Moradia em detrimento a ordem turística ou com a vinda de estrangeiros para o mercado de trabalho que estão sendo abertos. Algum tempo, o vereador Eliomar Coelho (PSOL) discutiu na Tribuna da Câmara sobre esse assunto, e que acabou não havendo eco dos seus pares.

    E o que acontece com as pessoas, ditas as classes média ou média baixa que moram nos seus bairros de predileção há anos, inquilinos principalmente, foram obrigados a se mudarem para as regiões de periferias, municípios, estados ou se sujeitarem a aceitar o Programa de Minha Casa Minha Vida. Longe dos seus familiares, trabalhos, estudos e de suas relações inter-sociais. Deixo bem claro que não sou contra o Projeto MCMV, até porque votarei na Dilma, acreditando, que o programa de moradia aos mais carentes tem que continuar.

    Cito-me como exemplo à minha ida para Minas Gerais, a compra de uma casa de 2 quartos com um senhor terreno, custa uma média de R$ 250.000,00 em uma rua arborizada e com todas as disponibilidade de serviços, infraestrutura e equipamentos e serviços públicos. O total silêncio na área machuca até os ouvidos. O respeito à vizinhança é muito grande. Um aluguel de um apartamento de sala e um quarto está na faixa de R$ 850,00, que se têm como vizinhos, engenheiros, médicos, biólogos, músicos e todo tipo de profissionais, e comerciantes e aposentados. Existem pessoas pobres com suas casas simples sem haver a favelização. Alguns, pelo que soube invadiram às terras, mas o o governo federal deu a permissão de morarem, desde que fizesse um loteamento para cada família, através, do Direito de Posse. Alguns, chegaram a vender anos depois e outros permaneceram por lá, que viraram pequenos comerciantes que atendem com um bom serviço aos moradores mais abastados, como os bairros de Alphaville, Belvedere, Pampulha de dentre outros. A capital de Belo Horizonte está igual ao Rio de Janeiro, muito trânsito engarrafado, muita polução, muitos moradores de rua e péssimo serviço público. Mas como Minas Gerais é grande, se tem opção da escolha de um bom município para se morar.

    Fui a Minas Gerais para saber o por que de muitos amigos terem saído do Rio de Janeiro, que agora posso responder a uma Prefeita de um município em Macapá que conheci em um Seminário, em que ela dizia “Os cariocas estão invadindo à minha cidade”. E digo com todas as letras: É o respeito ao direito à moradia, a melhor qualidade de vida e o baixo preço nos serviços e um povo educado. É o direito à moradia que integra o direito a um padrão de vida adequado, que não se resume a apenas um teto e quatro paredes, mas ao direito de toda pessoa ter acesso a um lar e de viver em paz, com dignidade e saúde física e mental.

    Passando por uma rua, vi um grande cartaz para a reunião semanal do Plano Diretor Participativo. E foi a partir dali, que decidi morar em Minas.

    Sonia, acho que deveria ser a sua plataforma política para a sua próxima eleição.

    Um abraço,

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