Após quatro anos, Palacete São Cornélio obtém liminar judicial para não cair

1. Foram precisos quatro anos de tramitação e mais de setecentas páginas de processo judicial para que a Justiça Federal finalmente deferisse uma Medida para acautelar (proteger) o prédio em ruína e deterioração completa.

2. O Palacete São Cornélio, do qual já tratamos neste blog, é um prédio singular no bairro do Catete, no Rio, e que mereceu tombamento federal individual pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Pertence, ao que tudo indica, à Santa Casa de Misericórdia. E é, infelizmente, o exemplo ímpar de duas grandes dificuldades estatais: a do descaso que vive o órgão federal de preservação do patrimônio cultural e da morosidade da Justiça em agir, de forma concreta e mais efetiva, no tocante à providências de conservação e preservação do patrimônio cultural.

3. Quando o Ministério Público Federal, a pedido de entidade da Associação de Moradores, em 2011, deu início ao processo judicial através da Ação Civil Pública nº 0002510-31.2011.4.02.510, o prédio, abandonado pelo seu proprietário, já se encontrava bastante deteriorado. Inclusive foi objeto de furto de objetos de arte que o guarneciam.

4. Logo no início foi pedida liminar, mas não concedida naquele momento. Eis que passados quatro longos anos, a deterioração piorou muito, não só no prédio, mas afetando a rua onde ele se localiza e toda a vizinhança (ver fotos ao lado). A situação ficou tão lamentável que, ainda sem sentença de 1º grau, o Juiz Federal só agora deferiu obras absolutamente emergenciais, de limpeza e escoramento do prédio. (veja o teor da decisão)

5. Uma situação dessas é inaceitável numa cidade que tem o título do Patrimônio Mundial, como Paisagem Cultural, mesmo porque o imóvel com tombamento federal encontra-se dentro dos limites da chamada Zona de Amortecimento da área tutelada enviada à UNESCO.  Como não ter recursos públicos federal ou municipal para a preservação e/ou desapropriação de prédio tão significativo?  Afinal, o Rio é uma cidade que gastou mais de R$ 1 bilhão na demolição e reconstrução de um novo Maracanã, e que vai gastar alguns bilhões públicos em equipamentos olímpicos (recursos federais), que serão demolidos!

6. E por que uma morosidade tão grande para a Justiça determinar a conservação do prédio pelo seu proprietário? Enquanto isso, se discute, interminavelmente no processo judicial, o projeto de recuperação do bem! Afinal, não se trata de recursos processuais que impediam uma decisão judicial que se mostrava tão simples e óbvia!  O que fazer, quando os Juízes têm receio de decidir, tempestivamente, em prol do interesse público?

A verdadeira mudança, aquela pela qual todos esperamos , só se dará neste passo a passo na base, pela base, até chegar no topo.  

Aliás, o topo só mudará quando aqui, na base, estivermos todos mudados. Lamentavelmente, o caso do Palacete São Cornélio nos mostra o quão longe estamos desta almejada mudança tanto na administração da Justiça, quanto nos deveres da Administração pública municipal e federal.  

 

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2 Resultados

  1. Segundo li, a “arena” do handebol, será desmontada e com as peças serão construídas + 4 escolas municipais. O velódromo, também será desmontado e transferido para uma cidade no sul. O parque radical em Deodoro, será para uso dos moradores no entorno. Todos os equipamentos restantes, servirão para treinamento e competições futuras dos nossos atletas, tão carentes de equipamentos modernos. Já as obras de mobilidade, vão ficar para o conforto do povo da Cidade do Rio de Janeiro. Abs.

  2. Fiquei triste ao ver as fotos do antigo Educandário São Cornélio, onde estudei em regime de internato. Que pena que a burocracia do nosso país seja um entrave na conservação de edificações histórica.

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