Aterro ou Parque ?

Após 45 anos de existência o Parque do Flamengo ainda é chamado de Aterro. Seria este parque ainda uma ficção? Não, não é.

Seus espaços florísticos e recreativos já estão delimitados e fixados, na sua totalidade, desde a sua concepção.

O tombamento de seu projeto, em 1965, foi feito para garantir que o seu planejamento original, completamente integrado e detalhado, não fosse descaracterizado por intervenções pontuais, e aleatórias, ao gosto anual de opiniões várias, e que já surgiram no decorrer destas várias décadas.

Sem esta garantia, seus espaços já teriam sido ocupados e tomados há muito tempo, por inúmeras propostas  de intervenção. 

A nova polêmica que surge agora vem com a assinatura de um mito da arquitetura brasileira—Oscar Niemeyer. Mas, quem ousaria desconstruir, no futuro, uma obra de Niemeyer em função de outros mitos, ou artistas que surgirão no futuro? 

Por isso, para preservar as próprias obras de Niemeyer no futuro é que devemos preservar, no presente, as obras dos outros artistas que já passaram, e que projetaram, construíram e deram à cidade a obra de arte do Parque do Flamengo. 

Afinal, não é por este motivo—por ser uma obra de arte—que este magnífico parque está sendo proposto à UNESCO, como referência, à candidatura da Cidade do Rio de Janeiro como Patrimônio Cultural da Humanidade ?

Então, por que ainda se fala, e se propõem interferências nesta obra de arte, por melhores que sejam as  intenções?

Quem ousaria propor uma intervenção na Basílica de São Pedro?Ou um retoque na Monalisa?

Uma obra de arte merece ser integralmente preservada.  O Parque do Flamengo o é. Ou, não? 

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