Batistinha quer trabalhar…mas o preço do transporte não deixa
Batistinha não é qualificado, mas quer trabalhar. É um trabalhador. Tem uns 30 anos, mulher e dois filhos. Mora lá no fundo de Santa Cruz, ainda no Município do Rio. Faz uns biscates aqui e ali, mas como homem quer trabalho com carteira assinada. Não mora em favela, mas em um ex-loteamento da CEHAB que, dominado pelo tráfico, virou comunidade.
Batistinha arranjou, neste mês um trabalho – faxineiro em um prédio na Glória. Um mês de experiência prá começar. Porém sua cabeça está um peso, tá com problema: será que vão pagar a passagem do coletivo que necessita prá chegar no trabalho.
O problema não são as três conduções que precisa, nem o tempo de quase duas horas, mas o preço disto: ao todo 6,90 prá ir, e 6,90 prá voltar. Total: 13,80 por dia! Qual o empregador que vai querer? E isto porque Batistinha mora dentro do Município…melhor do que em Nova Iguaçu…Senão seria mais, bem mais…Que sorte!
Batistinha não pensa na opção de morar em uma favela próxima; pelo menos ainda não… Mas compreende porque muitos fazem esta opção.
Batistinha não compreende porque os prefeitos e governadores eleitos fazem tantas promessas, e não resolvem esta questão do preço das passagens: cara, sem integração, e sem organização.
Batistinha quer trabalhar….mas será que o transporte coletivo vai deixar?
É isso ai! Por isso que o porteiro de um edificio da zona sul pediu para ser mandado embora. Somando as várias bolsas que pode pedir, e ele tem tres filhos em idade escolar, e a economia de passagem, passaria a receber o dobro do que ganha agora como "trabalhador"! E no "bem bom", sem trabalhar.
Lena Monte