Uma riqueza coletiva que se esvai pelo ralo
|
Peça de ferro fundido furtada de asilo este mês / Divulgação |
Há algumas semanas foram furtadas do casarão chamado “Asilo São Cornélio”, de propriedade da Santa Casa de Misericórdia, estátuas e jarrões pertencentes ao bem protegido.
Foi notícia dada pelos jornais. Dias depois se recuperou parte do que foi roubado; os ladrões foram identificados, presos, e depois soltos.
Cinco jarrões ainda não foram recuperados, e as estátuas encontradas (uma delas parece que se quebrou) vão para algum depositário, para guarda, por tempo indeterminado, já que o casarão se encontra quase desabando.
Conservar o patrimônio coletivo tem sido um desafio no Brasil, no Estado do Rio, e na Cidade do Rio de Janeiro; sobretudo, se este patrimônio, esta riqueza coletiva, for patrimônio cultural.
Se os bens imóveis (prédios) preservados (tombados) estão em estado lamentável de conservação, o patrimônio de bens móveis (arte sacra, estátuas, livros, fotos, mapas, etc) está completamente esquecido e, por isso, vem sendo diuturnamente surrupiado.
Já se ouviu falar, na cidade do Rio, de alguma política de inventário, divulgação de informação e proteção do patrimônio cultural móvel?
Zelar e proteger o patrimônio cultural móvel é obrigação do Estado – uma obrigação constitucional que, no art.215, diz que o Estado garantirá: “a defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro” (inciso I).
Mas as políticas públicas têm sido bastante negligentes na organização dos serviços públicos neste setor. O patrimônio cultural móvel tem sido roubado do Brasil e dos brasileiros.
Vejam abaixo alguns dos nossos registros do que foi roubado, na Cidade, recentemente:
Mosteiro de São Bento
Palácio do Itamaraty
2003 – Desapareceram do Arquivo Iconográfico do Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, aproximadamente cento e cinquenta mapas e quinhentas fotografias. Os bens desaparecidos integram a mais importante coleção do Brasil e encontram-se protegidos pela Lei 4.845/65.
2005 – O crime praticado na Biblioteca Nacional envolveu o desfalque de setecentos e cinquenta e uma fotografias contendo imagens belíssimas e raríssimas do Brasil, registradas por Marc Ferrez, August Satahl e Guilherme Liebenau. As fotografias mencionadas pertenciam à Imperatriz Dona Thereza Cristina Maria, e foram doadas em testamento à Biblioteca Nacional pelo Imperador D. Pedro II. Consta que cento e uma fotos foram recuperadas.
Museu da Chácara do Céu
2006 – Foram roubadas as seguintes obras: “O jardim de Luxemburgo”, de Matisse, “A dança”, de Pablo Picasso, “Os dois balcões”, de Salvador Dalí, “Marinha”, de Claude Monet e “Toros”, livro de poemas escrito por Pablo Neruda e ilustrado por Pablo Picasso.
Gostaria de lembrar a vereadora do roubo que dilapidou o patrimônio do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (2007/2008?). Foram coleções inteiras de revistas: Ilustração Brasileira, Para Todos, Fon Fon, outras tantas do século 19 e fotos do arquivo Augusto Malta, entre as preciosidades. O desfalque foi tão grande que seria preciso muitas horas dentro da instituição para reunir todo o material. E até hoje ninguém sabe, ninguém viu.
Obrigada.
a divulgação destes ROUBOS deve ser constante, já que as peças, de grande valor e únicas, não podem ficar expostas em residências particulares, que as adquirem por meios indignos.
Isto mesmo VEREADORA SONIA RABELLO, o seu exemplo de seriedade e competência é motivo de orgulho para os que recebem seu BLOG.