Cartão Amarelo: da Copa para o Direito

1.  Fiquei impressionada com a eficiência futebolística, e com a força ordenatória do cartão amarelo nas partidas de futebol. Com todos os erros dos juízes, mais ou menos graves, eles são a palavra da lei dentro do campo. Aqueles 22 atletas, troncudos, determinados, ao ouvirem o apito do árbitro, abaixam a cabeça e ouvem sua determinação. Se reclamarem de forma desrespeitosa, ainda que com razão, levam um cartão, e podem até ser expulsos do jogo.

2.  No jogo há as regras pré-determinadas. E há o juiz, que não as cria, mas as administra e as aplica durante o jogo. “Interpreta” as regras na prática – na hora. Pode até errar, mas vale sua autoridade. Para haver jogo é preciso de o juiz administrar a aplicação das regras, e administrar os conflitos. Só depois do jogo é que os juízes são julgados e, com base na sua atuação, reconduzidos, ou não, para apitar outros jogos.
 
3.  Impressionou-me no jogo Brasil e Portugal a eficiência punitiva do cartão amarelo. Foi só começar a pancadaria que o árbitro começou a mostrar o cartão amarelo: advertência. O cartão simboliza: “Cuidado, jogador… estou de olho, e na próxima você não joga mais…”.  O critério de mostrar mais ou menos cartões amarelos é do juiz, de sua avaliação própria durante o jogo. Mas, num mesmo jogo, ele deve manter um mesmo critério de avaliação na distribuição de cartões amarelos. Fato é que no referido jogo  todo mundo se cuidou para não receber mais cartão,  e não arriscar ficar fora da partida. A punição é ao jogador infrator, e apenas indiretamente ao time, que pode perder com sua falta em campo.  Assim, a responsabilidade é pessoal.
 
4.  No nosso dia a dia do Direito temos muito menos eficiência na aplicação do Direito – das regras sociais. A começar pelo seu conhecimento que, como regras de futebol, deveriam ser simples e por todos conhecidas. Porém, o que gostei mesmo foi do cartão amarelo. Advertência eficiente, pessoal e efetiva. E, sobretudo, da rapidez da aplicação da lei pelo juiz, que pode ter erros, mas, sendo rápida, permite que a partida seja jogada, e que se chegue a um resultado. Pode não ser ótimo, mas sem o qual não há a festa dos jogos!

Muito eficiente este futebol; uma lição na administração de sua “justiça”!

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