Cidades ricas, para quem ? A história pode nos ensinar…
Ninguém come dinheiro! Ele é um padrão de troca fabricado pelos governos. A grande invenção dos financistas do final da Idade Media e que transformou o mundo do comércio, das cidades, introduzindo a história do homem na Idade Moderna das grandes trocas internacionais.
Das Américas, a Europa, sobretudo Espanha e Portugal, levou toda a prata e o ouro que pôde. Inundaram e inflacionaram os preços com esta abundância. Por isso, ao ouvirmos de uns e outros a frase: “vamos trazer muita gente com dinheiro para as nossas cidades”, temos que colocar nossas “barbas de molho”, pois se esta gente tem dinheiro para comprar a cidade, sem investir em indústria produtiva, o que vai acontecer é o já que está sendo visto com os preços imobiliários em muitas cidades no Brasil, a inflação fundiária fora do alcance da maioria dos locais.
Leiam o trecho do livro: História da Riqueza do Homem de Leo Huberman (ed.Zahar) que nos fala de cinco séculos atrás, mas que parece hoje:
“A ligação entre a elevação dos preços e o influxo de ouro e prata começou a se tornar clara a outros, pouco depois que Bodin escreveu seu grande trabalho. No Tratado do Crancro da Comunidade da Inglaterra, escrito em 1601 por Gerrard de Malynes, mercador, há o seguinte trecho: …” a abundância de dinheiro geralmente encarece as coisas, e a escassez de dinheiro, da mesma forma, faz que as coisas em geral se tornem mais baratas. (…) e, por isso a grande abundância de dinheiro ou metal em barras que nos últimos anos tem vindo das Índias Ocidentais para a Cristandade encareceu tudo”.
“Quais os resultados desse aumento de preços? [séc. XVI e XVII] Quem se beneficia e quem sofre? Os beneficiados foram os mercadores. Embora suas despesas se elevassem, os lucros de seus negócios aumentaram ainda mais. Pagavam mais pelo que compravam, mais cobravam muito mais pelo que vendiam. (…)
Por outro lado, houve vários grupos severamente prejudicados pela revolução nos preços. Os governos, por exemplo, tinham dificuldades cada vez maiores em equilibrar a receita e a despesa. A renda era fixa, ao passo que as despesas aumentavam sempre. (…) Os problemas monetários lançavam os reis, cada vez mais, nos braços da classe dos homens ricos, que obtiveram muitas concessões nesta época. (…)
Os salários dos trabalhadores também sofreram. Um período de alta de preço é quase sempre também um período de elevação de salários, e portanto seria de se esperar que no fim de tudo desse certo. Mas há um senão importante nisso: é que os salários jamais acompanham a elevação dos preços. (…)”
NINGUÉM COME DINHEIRO !
(e quando tudo acabar,…sobrará o que ?)