Copacabana – Megaeventos com megadegradação dos espaços públicos?
“Um viagem pelo interior fluminense em plena praia de Copacabana”.
Foi com este anúncio “convidativo” que o Governo do Rio divulgou, por meio da Secretaria de Estado de Turismo (Setur), a realização do Salão Estadual de Turismo, na Praia de Copacabana, realizado nos dias 22 e 23 de outubro.
Uma tenda gigantesca de 3.200 m² foi montada por centenas de profissionais, incluindo cenógrafos, engenheiros, arquitetos, eletricistas e carpinteiros, entre a Praça do Lido e a Avenida Prado Junior.
Para tanto, foram abertos 17 buracos para a colocação de totens, de forma a evitar que a enorme tenda não despencasse ao sabor de uma ventania ou de uma ressaca. (Confira as fotos aqui)
Milhares de visitantes, entre cariocas e turistas nacionais e internacionais, compareceram ao evento que apresentou, além da exposição de artesanato, atrativos turísticos, produtos típicos, manifestações culturais e desfiles de moda verão, além de palestras, conferências, workshops e rodadas de negócios.
Tudo cercado pela imponência digna dos eventos realizados nos últimos anos na Praia de Copacabana. Um verdadeiro “agito”.
O outro lado da moeda
Moradores e frequentadores da região, entretanto, têm se mostrado contrários à contínua onda de megaeventos que assolam as areias da praia.
Muitos reclamam que a população está perdendo a sua área de lazer em razão de crimes ambientais e das consequências desses grandes eventos.
Entre os vários exemplos, citemos o Fifa Fun Fest, promovido pela FIFA em 2010, e no qual a Praia de Copacabana se transformou em uma imensa Arena, palco de transmissão dos jogos da Copa daquele ano durante o dia, e shows à noite.
Conforme o previsto, milhares de pessoas lotaram o espaço.
A questão não muito debatida, porém, é que após toda a “festa”, as estruturas monumentais permaneceram nas areias por cinco meses!
A ressaca da festa…
Não existe, pelo observado, uma medida compensatória que permita equilibrar os eventos e suas consequências. Após o brilho e o glamour, só restam muita sujeira e trabalho para o bairro.
Isso tudo sem contar os repetidos shows de cantores nacionais e internacionais, e eventos desportivos desprovidos de projetos sustentáveis.
Vende-se a imagem da cidade, sem o respaldo necessário para sua manutenção. Por fim, quem paga o ônus da fama?
Certamente não é a Prefeitura ou os sócios desses megaempreendimentos, mas sim a população que assiste a degradação paulatina de seus espaços públicos, sem nada poder fazer, pois a consulta prévia ao cidadão não está na ordem do dia.
Conforme dito e repetido por nosso blog, os megaeventos estão na moda, e na ponta da língua de quem promete que “todos saem ganhando”.
Ficam duas perguntas, a saber:
1) Quem ganha?
2) Se a questão é a de se construir grandes estruturas para megaeventos, por que não construí-las em locais mais apropriados para tal? Ou, uma vez que se trata de grandes espaços fechados, por que não adaptar os que já existem, a exemplo dos armazéns do porto, em lugar de ocupar e saturar as praias e parques públicos, como o do Flamengo, com estruturas gigantescas que interferem no cotidiano dos moradores dos bairros, além da degradação implícita que essas operações acabam por desencadear?
A população de Copacabana espera que a Prefeitura esclareça quais são as regras para estes usos, pelo bem da qualidade de vida do bairro.