Estádio de Remo: benfeitorias suprimidas e perda do uso esportivo
Espaços de aprendizagem esportiva aterrados e convertidos em estacionamento, “novos” projetos questionáveis e alvos de inúmeras críticas, reduções sem justificativas ou substituições posteriores, condições precárias, falta de manutenção e de incentivo a uma modalidade que já foi um dos ícones do Rio, o remo.
A questão do Estádio de Remo da Lagoa tem sido de motivo de receio não somente de esportistas, mas também de “temor” de sua própria Confederação no que se refere à “herança” a ser deixada após os Jogos Olímpicos.
Em documento já encaminhado aos órgãos públicos competentes, o movimento “SOS Estádio de Remo” levanta uma série de benfeitorias que teriam sido suprimidas após os Jogos PanAmericanos de 2007, e que contribuíram de forma impactante sobre o uso esportivo da modalidade no Rio.
Enquanto os Jogos Olímpicos de 2016 ganham as manchetes, paralelamente, a falta de infraestrutura esportiva instaura um clima de ameaça sobre o legado oficialmente ainda não alinhavado.
Confira abaixo a íntegra do documento do movimento :
Benfeitorias suprimidas e perda do uso esportivo
Movimento “SOS Estádio de Remo”
I – Eliminação de Tanques de Treinamento
1.1) Antes do Pan-2007, havia dois tanques de treinamento de quatro lugares, totalizando oito assentos para a prática simultânea da aprendizagem do remo.
1.2) Após os Jogos, um dos tanques foi aterrado para servir de estacionamento de veículos.
1.3) Em dezembro de 2010, o ultimo tanque de treinamento original foi destruído sob o pretexto de passagem de ciclovia. A área foi transformada em estacionamento de veículos.
1.4) Novo tanque, erroneamente projetado, foi construído de fronte aos boxes e a beira d’água, sem autorização do IPHAN.
Antes de sair do estádio para as obras do Pan-2007, a FRERJ e os praticantes de remo possuíam dois tanques com oito posições. Ao retornar ao estádio, após os Jogos, um tanque com quatro posições foi simplesmente eliminado e o outro, original e perfeitamente concebido, foi destruído anos mais tarde, para ser substituído pelo atualmente existente, com circulação de água erroneamente projetada e com somente quatro posições.
II – Área de Premiação
2.1) A área de premiação original do Estádio de Remo da Lagoa foi eliminada durante as obras do Pan e nenhuma outra foi construída em substituição.
III – Rampa para Lanchas
3.1) Rampa de concreto sem condições de uso devido a falta de manutenção.
IV – Descaracterização do Estádio de Remo
4.1) O letreiro original do Bloco 1 (arquibancada alta), com os dizeres “Estádio de Remo” foi eliminado.
4.2) Descaracterização proposital do Estádio de Remo para favorecer a divulgação do empreendimento “Lagoon”, da permissionária privada, com evidente prejuízo para o esporte.
V – Perda do Uso Esportivo
5.1) Sob administração da “permissionária” privada, a arquibancada alta (principal) perde sua finalidade esportiva de assistência de regatas e passa a ser utilizada como telhado de “shopping center” com instalação de aparelhos e exaustores industriais, que impedem a visão da raia de remo da Lagoa Rodrigo de Freitas.
5.2) Para beneficiar os negócios da “permissionária” privada, a arquibancada baixa (secundária) perde parcialmente sua finalidade esportiva de assistência de regatas e passa a ter seu espaço explorado para realização de eventos num “terraço” especialmente construído no meio das obras do Pan-2007.
No lugar da arquibancada antiga, inutilmente implodida “na marra” contra liminar judicial, um novo prédio foi levantado com uma volumetria adequada aos cinemas em seu interior e um “terraço” para realização de eventos ocupando área antes utilizada para assistência de regatas (arquibancada para torcedores).
Devido ao “terraço”, a área atualmente em uso como arquibancada é menor que a original, em flagrante prejuízo para o esporte.
O verdadeiro motivo da implosão somente aflorou após os Jogos.5.3) Sob administração da “permissionária” privada, a área reservada para lavagem de barcos é utilizada para estacionamento de veículos.
O estacionamento de veículos perfilados defronte às garagens de remo (boxes) impede o livre acesso dos barcos e o treinamento dos atletas, em um acintos o desrespeito a um esporte que deveria ser incentivado em sua própria casa.
Antes do Pan-2007, a FRERJ era responsável por administrar as atividades e o uso do Bloco 3 (garagens e área de lavagem).
5.4) Por ocasião da locação de espaço para eventos no estacionamento do Bloco 3 (garagens de remo), a empresa “permissionária” prejudica o esporte ao colocar escoras de sustentação dentro dos boxes e contra-pesos nas portas das garagens que impedem a movimentação dos barcos.
Antes do Pan-2007, a FRERJ era responsável por administrar as atividades e o uso do Bloco 3 (garagens e área de lavagem).
VI – Consumo de Álcool no Estádio
6.1) O Estado do Rio de Janeiro possui uma Lei que proíbe a venda de destilados e comercialização de qualquer tipo de bebida alcoólica em estádios.
O Estádio de Remo da Lagoa é um próprio estadual onde, espera-se, que as leis sejam cumpridas.
A inauguração de uma cachaçaria defronte ao local onde são realizadas as provas de remo e a premiação de crianças e adolescentes é um desserviço ao esporte.
O movimento “SOS Estádio de Remo” organizou, ainda, um documento que apresenta o Projeto de Legado da Olimpíada de 2016 para o Estádio de Remo da Lagoa, elaborado como contribuição ao Governo do Estado do Rio de Janeiro para recuperação e aproveitamento total da área do Estádio de Remo da Lagoa para o esporte e lazer da população carioca.
A diretriz do projeto é o desenvolvimento de um Parque Náutico com autosustentabilidade econômica da área do Estádio de Remo, abarcando a possibilidade de gestão colegiada do Parque Náutico entre o Poder Público (SUDERJ), a Confederação Brasileira de Remo – CBR e a Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro – FRERJ, entidades sem fins lucrativos responsáveis pelo fomento do remo em âmbito nacional e estadual, respectivamente. Confira aqui.