“Estranha ironia”

Confiram o desabafo da moradora do bairro da Glória, Silvia Steinberg, compartilhado por vários vizinhos dos quatro edifícios da Rua do Russel que fazem divisa com as obras do hotel Glória. 

“Esta é a tônica do relacionamento entre a empresa REX e os moradores da Rua do Russel no trecho entre o Hotel Glória e a antiga Manchete.

23:40h de 26 de março de 2013. Ainda se houve o ruido do choque entre metais e máquinas em funcionamento. Ao longo dos dias, à poeira fina com micro partículas de minério [gnaisse facoidal], que penetra a alma e deposita-se sobre papéis, alimentos, roupas lavadas soma-se uma sirene, dezenas de vezes acionada – um alerta aos mortais sobre a carga pesada que cruza o céu suspensa em guindastes gigantescos.

Em 2009, 2010, 2011, 2012 enviamos ao grupo EBX solicitação explícita de apoio com ênfase ao fato que não podemos aguardar o término das obras para:

_ limpar as áreas de serviço e terraços dos prédios vizinhos que estão inundadas de poeira: trabalhar, lavar, passar, cozinhar é um inferno.

_ garantir períodos de silêncio para tornar suportável o altíssimo nível de ruído. [a obra financiada com dinheiro do BNDES tinha o pressuposto de estar concluida em 2 anos que se transformaram em 6!!!!!!!!]

– fazer manutenção em uma rua coberta de poeira com o asfalto cada dia mais deteriorado pela passagem e manobras frequentes de caminhões pesados.

– compensar substantivo declínio de rendimento no exercício das atividades de trabalho de profissionais autônomos: livros, papéis, fotografias restauradas, equipamentos eletrônios, tudo se deteriora a passos largos e é impossível assistir a um vídeo, gravar depoimentos, participar de uma vídeo‐conferência.

Devemos mudar de profissão ou solicitar outro espaço de trabalho?

– considerar que há uma depressão no ar com tudo fechado, janelas lacradas, rua intransitável e que os mais idosos e queridos mudaram-se porque de modo silencioso e sábio entendem que têm menos tempo para disperdiçar com ouvidos mocos na gerência de relacionamento da REX.

Em 2013 temos a acrescentar:

_ é preciso conceber algum tipo de proteção para evitar que sejam invadidos pelas águas a cada chuva forte os quartos dos prédios 680 e 694 paralelos a empena erguida pela REX – um balde grande de água imunda. UM SUSTO!

[a empena erguida atrás de 4 prédios mudou o sentido dos ventos e da chuva. A ausência de vãos faz com com a água se projete do alto praticamente na horizontal, diretamente sobre as paredes]

_ é preciso parar de repetir que – não são graves – as rachaduras provocadas no terceiro andar e casa do porteito do 694 por desmonte de rocha em áreas que estão tão próximas ao nível do solo que corrimão e caixa do elevador tremem!

_ é preciso escoar adequadamente as águas descartadas ao final do dia, porque elas permanecem empoçadas, ao longo do meio fio, em frente a quatro prédios.

Nossas casas estão infestadas de mosquito.

_ é preciso assumir o desconforto, constrangimento e gravidade dos picos de luz, das quedas de fase que deixam 4 prédios de 12 andares, longas horas sem elevador, desligam geladeiras e computadores.

Não estamos aqui de passagem, vivemos no Russel, onde o direito ao trabalho, ao deslocamento, ao silêncio, e até a respirar nos foi usurpado. Nossas vidas não podem aguardar a inauguração do Glória Palace!”

Assinam: Edifício Itatiaia, Edifício Itacolomi, Edifício Milton e Edifício Mayo

Vejam os registros:

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