Museu do Índio: vitória da resistência

Os índios e a sociedade civil carioca, fluminense e brasileira, viram uma luz no final do túnel. O reconhecimento pelo governador “francês” do Estado do valor da preservação do prédio centenário do ex-Museu do Índio. (Confira aqui a nota no site oficial do Governo do Estado)

Muitos se mobilizaram a partir da resistência pacífica exemplar dos índios que ocupam o referido prédio. Eles não são invasores, como o governador teima em continuar denominando-os, mas sim ocupantes. Invasores, termo pejorativo, são aqueles que invadem ilicitamente prédio alheio, de forma clandestina e violenta. E, evidentemente, este não é o caso, pois os índios ocupam visível e pacificamente o prédio desde 2006, quando este estava abandonado pelo seu então proprietário, a CONAB. Foram eles que deram sentido àquele local, desprezado e desconsiderado pelos governantes.

O Governo do Estado, no entanto, quer induzir que ele e o submisso governo da Cidade estão, agora, tomando a “iniciativa”, como dizem, de reconhecer o valor do prédio. Nada disso; estão sim, a reboque da sociedade civil, e das reiteradas decisões judiciais de 1ª Instância da Justiça Estadual e Federal que, legitimamente, reconheceram a arbitrariedade das decisões pessoais demolitórias destes governantes.

De todo modo, é bom que fique tudo acordado por escrito e, se possível, judicialmente. Se os Governos do Estado e o “mudo” do Município agora reconhecem o valor cultural do prédio, o mínimo que se tem a fazer é declarar isso na ação da Justiça Federal, para que a Defensoria Pública da União possa desistir do processo. Isso porque, afirmaram o contrário à juíza presidente daquele Tribunal, o que a levou a cassar as liminares de 1ª instância, alegando o Juízo de “discricionariedade” do governador!

Depois, há que se ter muito cuidado com o Estado, pois no 1º parágrafo da nota no seu site, o Governo reafirmou a proposição da  “construção de um Centro de Referência da Cultura dos Povos Indígenas, na Quinta da Boa Vista“, mas não naquele local !  E, no final do texto, diz que “O destino do prédio, após o tombamento, será discutido conjuntamente entre o Governo do Estado e a Prefeitura do Rio de Janeiro” ; ou seja, entre eles e o já conhecido futuro vencedor da concessão privada do complexo público do Maracanã.  Leia-se, entre os mesmos que queriam destruir o prédio. Nada confiável! 

E, quem sabe, isto não é uma vingança que o governador quer “comer fria”, contra aqueles que o obrigaram a rever os seus planos malignos de destruição do patrimônio cultural da Cidade e do Brasil.  Afinal, não é este mesmo Governo que quer pôr, no Museu do 1º Reinado, um museu da moda !!