O BRASIL PEGA FOGO

1.  Não são as eleições. É fogo nas florestas! Alguns jornais noticiam que, junto com o tempo super seco, florestas, campos, pastos e casas ardem. As riquezas naturais da coletividade estão sendo devastadas.

 
2.  Onde estão os responsáveis? O Presidente, que grava incansavelmente programas para seus candidatos, nada fala sobre as providências administrativas e técnicas para deter a catástrofe ambiental, e investigar os responsáveis. Não tenho visto, também, qualquer declaração dos Governadores dos Estados, muitos em campanha, sobre suas responsabilidades a respeito do assunto. Nem tampouco dos orgãos ambientais federal e estaduais. É como se o País tivesse parado, administrativamente, para fazer campanha política, para saber quem vai ocupar o poder!
 
3.  Mas o Estado Brasileiro não é só poder – o chefe. Nem tribo indígena é assim! E aí que está a grande distorção. O grande chefe, seja ele quem for, tem poder apenas para as linhas de governo. Os serviços de Estado, serviços públicos em geral, e a fiscalização do poder de polícia administrativa (nele, a ambiental) deve funcionar (pelo menos teoricamente) de forma quase independente da chefia. São órgãos técnicos, serviços permanentes, mas que para isto precisam estar estruturados, e devidamente aparelhados, para funcionar sempre.
 
4.  Se o Brasil pega fogo é porque estes serviços do Estado não funcionam como deviam: não funciona a educação, muito menos a educação ambiental. Se funcionasse, todos compreederíamos o desastre coletivo causado pelo fogo no mato. Também não funciona a fiscalização de quem põe, ilegalmente, fogo na mata para plantar, destruindo, em proveito próprio, a riqueza de todos. Se a fiscalização não funciona, não há punição. A fiscalização é feita pelos órgãos ambientais federal, estaduais – e pela polícia federal! Se não se achar o infrator, como punir? Sem punir, quem irá cumprir a lei?
 
5.  O Brasil pega fogo, e os responsáveis pelos desastres riem, acham engraçado a “rinha de galos” que se tornou a disputa eleitoral!
 
Vejam abaixo a lista das últimas constatações a respeito do assunto e os desastres ambientais em nosso território:

– Entre 1º de agosto até o último dia 13 , foram registrados 21.852 focos de queimadas no país, segundo leitura feita pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Um número três vezes maior em relação à verificação realizada no mesmo período do ano de 2009, quando foram registrados 6.298 focos de incêndio. Segundo o instituto , o inverno do ano passado foi chuvoso, o que diminuiu as queimadas. Ao todo, este ano foram registrados 69.366 focos de incêndio no país. 

 – Em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, uma floresta de 500 hectares foi destruída. O fogo começou na última semana, saiu do controle na segunda-feira à tarde e queimou por horas seguidas. A região é uma fazenda do estado onde são realizadas pesquisas sobre madeira e resina. Além da estação experimental, o fogo também atingiu a reserva biológica do Instituto de Botânica onde são feitos estudos sobre o cerrado. Diversas pesquisas foram interrompidas e prejudicadas.

– Em Manaus, os igarapés, que são braços de rio, estão praticamente sem água. Ainda é cedo para afirmar que a seca este ano será intensa. Tudo vai depender das chuvas nas próximas semanas. Mas esta já é a maior estiagem desde 1982 quando começaram os registros na região das cabeceiras do rio Solimões, que quando se encontram com o rio Negro, em Manus, forma o rio Amazonas. Sete municípios decretaram situação de emergência. Mais de cinco mil famílias ribeirinhas sofrem com a seca. 

– A vegetação da Serra da Bocaina, em Araxá, no Alto Paranaíba, em Minas Gerais, um dos principais pontos turísticos da cidade, também foi alvo de um incêndio que se arrastou por dias. Nas fazendas da região, os peões correram contra o tempo; fecharam o gado e ajudaram a controlar a invasão do fogo. Ainda não se sabe a extensão da área queimada.

– Tocantins : Após cerca de quatro meses sem registrar volume de chuva significativo, as queimadas continuam causando estragos e prejuízos no Tocantins. Na última terça-feira (14), em apenas um dia, foram registrados quase 700 focos de incêndio no estado. Neste mês, já são mais de quatro mil casos. A forte seca que atinge boa parte do estado contribuiu para o aparecimento dos incêndios e a propagação das chamas. A combinação de estiagem e queimadas provocou um redeimoinho de fogo que assustou moradores na zona rural de Palmas. As chamas também invadiram um centro de pesquisa do cerrado, destruindo boa parte do local.

– Em São Paulo, o número de focos de incêndio nestes primeiros 15 dias de setembro é nove vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Até agora, foram 125 casos, contra apenas 14 em 2009. A seca derruba a umidade do ar, que tem ficado em valores na casa dos 20%. Preocupada com a estiagem e a baixa qualidade do ar, a Companhia Ambiental do Estado proibiu a queima da palha da cana, muito comum nesta época no interior do estado. No entanto, muitos moradores desrespeitam a medida e continuam com a prática.

(notícias resumidas do site G1 – da Globo)

Ouça a entrevista concedida pelo jornalista André Trigueiro à rádio CBN sobre a “tradição” de secas e queimadas no País aqui

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