O futuro são as Ecocidades
O excelente vídeo do professor Stefan Schurig, produzido pela UN – Habitat, nos traz, em vinte minutos, a importância do planejamento urbano para as cidades do futuro: cidades sustentáveis energeticamente e com qualidade de vida, como manda a Constituição Brasileira em seu artigo 182.
Como o vídeo está em inglês, compreensível por sinal, faço aqui um resumo dos pontos que considero mais relevantes:
* Um marco significativo para o início da transformação das cidades se deu, a partir de 1850 com a descoberta do combustível fóssil para uso energético. Desde então, o consumo vem aumentando exponencialmente, acrescido da energia nuclear, para todos os aspectos da vida contemporânea. Hoje, somos completamente dependentes dele;
* As cidades passaram a ser desenhadas em função deste modelo, como se verifica na prevalência destes núcleos para os carros e não para as pessoas;
* Em consequência, temos cidades completamente poluídas com alta concentração de carbono, congestionadas e que ocasionam um profundo impacto nas mudanças climáticas;
* Dados nos mostram que precisamos levar a sério a questão do redesenho dos espaços: entre 1900 e 2000 a população das cidades quadruplicou. E, em 60 anos (1950-2010), a demanda por energia aumentou 500%. Dois terços da população mundial mora em cidades e estas, apesar de serem a maior fonte de consumo de recursos naturais do planeta, ocupam de três e quatro por cento das terras do planeta;
* Não podemos virar as costas para as cidades, mas podemos torná-las eficientes e resilientes, superando suas adversidades. Este é o objetivo para as “cidades regeneradas”;
* Neste novo modelo, busca-se que a cidade produza, na medida do possível, sua própria energia, evitando-se o desperdício de seus recursos e a produção sem recuperação de uma quantidade enorme de lixo.
* Para o redesenho desta nova cidade regenerada é preciso definir-se uma estratégia. E nela é essencial a participação do cidadão, consciente dos problemas e das possíveis soluções, com acesso à informação. A construção do conhecimento é essencial para o reentendimento deste processo.
Não deixem de ver, aos 16min e 30seg do vídeo, uma montagem online do crescimento dos painéis fotovoltaicos de geração de energia na Alemanha que em cinco anos atingiram a marca de 860 mil !
Confira o vídeo :
Doutora Sonia Rabello,
Obrigado pela sugestão do vídeo.
Estamos falando de um país estável economicamente e com níveis socioeducativos altíssimos.
A Alemanha e Noruega são os dois pontas de lança, na substituição de energias poluentes por energias limpas.
No entanto, acredito que não só a explosão demográfica do século XX (de 1,2 bilhões em 1900, para 7,2 bilhões em 2014), mas também o uso do petróleo como combustível, apesar dos alertas de Lavoisier, criaram um crescimento desordenado, em cidades que pouco diferem das projetadas por Roma há dois mil anos. Isto é, edifícios e vias de acesso em seu entorno.
Veja que até 1900, muitas carruagens e animais ainda eram guardados em cocheiras, sob as edificações de seus proprietários. O crescimento vertiginoso da população e dos veículos a partir daí, não deu chance para nada mais do que uma reles adaptação desses espaços urbanos antigos, pouco povoados e sem trânsito.
Os governos morosos e burocráticos não acompanharam tantas mudanças e forçaram os urbanistas, a simplórias adaptações, diante da enxurrada diária de transformações.
O trabalho urbanístico gigantesco de Pereira Passos, no início do século XX já estava sufocado em 1960.
A Presidente Vargas de 1944 era 16 metros mais larga do que a Champs-Élysées, um gigantismo desnecessário, alguns exclamaram.
Em suma, os urbanistas do início do século XX nem sonhavam com o que estava por vir.
No entanto, agora sabemos, e está na hora dos urbanistas pensarem melhor, pegarem papel e lápis, ou computadores gráficos e definir onde ficarão as pessoas, os carros, as fábricas, as lojas, os escritórios, as construções irregulares, etc.
Talvez esta nova conceituação urbanística seja uma providência educativa e tranquilizadora, mais urgente do que as questões energéticas e ecológicas, porque o mundo mora pessimamente mal, nas grandes cidades.
Imagine, por exemplo, o número de moradores de toda a Terra que, num piscar de olhos foram obrigados a confrontar-se, com um elevado bestial e 4.000 veículos por dia, transformando seu imóvel em uma ruína poluída, barulhenta e desvalorizada, abandonada às pressas, em nome da saúde física e mental.
Imagine agora, que muitos não puderam se mudar…
Será que ainda vivem, ou são mortos vivos?
Obrigada, Sérgio pelo seu comentário. Vc tem razão. Além de urbanistas, também precisamos de demógrafos,e de controle de natalidade. Abraço,SR