O PRÉ-SAL DA CULTURA NO RIO DE JANEIRO
Tem sido intensa a luta dos políticos pelos recursos financeiros do pré-sal para o Rio de Janeiro. Atitude compreensível, sobretudo em termos históricos, considerando ser nossa tradição cultural obter riqueza através da exploração das riquezas naturais do país; assim foi com o pau-brasil, passando pelos minérios – ouro, prata, ferro, etc – , e, agora, o petróleo, a ser retirado das camadas mais profundas da plataforma submarina. Não é a toa que o homem mais rico do Brasil tem o seu patrimônio construído basicamente pela exploração de lavras minerais, riquezas do subsolo brasileiro.
Enquanto esta guerra para ver quem leva mais na exploração das riquezas minerais acontece, escapa, há anos do patrimônio da Cidade, a riqueza construída, paulatinamente, passo a passo, pelos nossos recursos humanos, investidos na cultura. Por mais de 50 anos o Rio construiu um conhecimento acumulado de instituições culturais nacionais, como o IPHAN, a FUNARTE, os Museus Nacionais, a Biblioteca Nacional (…).
Há mais de uma década o Governo Federal, sob o pretexto do Ministério da Cultura funcionar em Brasília, impõe um esvaziamento de suas entidades da administração indireta no Rio de Janeiro, especialmente do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Esforça-se, mas não consegue.
O resultado é o esgarçamento institucional, e a morte lenta de uma instituição que contribuiu decisivamente para a construção da identidade nacional, especialmente através dos seus servidores permanentes que trabalham por uma política cultural de Estado.
O estado lamentável de conservação e funcionamento do Palácio Gustavo Capanema – símbolo internacional da arquitetura modernista no Brasil e no mundo – é o retrato patente e óbvio do abandono e do desprezo federal pelo trabalho realizado pela força de trabalho desta Cidade do Rio de Janeiro ao longo de décadas. (O abandono do prédio chegou ao seu clímax, nos dias atuais, com constantes faltas de energia no prédio, e a paralisação de seus elevadores, conforme denúncia feita a este blog).
Contraditoriamente, o mesmo governo estadual que luta furiosamente pelos recursos extrativistas do pré-sal, propõe, através do seu senador (vice do vice) Paulo Duque, pelo projeto de lei 2929/2008 a transferência do prédio ao Governo do Estado. Obviamente é a pá de cal que falta para expulsar do prédio os órgãos e instituições federais que lá funcionam!
O Governo do Estado, à duríssima pena, tem recursos para conservar os seus próprios prédios e, por isto, propõe transformar os seus museus e casas históricas em organizações sociais privadas. Por que haveria de querer para si um prédio como o Palácio Gustavo Capanema, símbolo, marco e depositário dos recursos culturais nacionais que ainda funcionam no Rio, despojando-os de seu lugar?
A riqueza cultural do Rio, construída por décadas por um segmento significativo da sociedade, como Lucio Costa, Carlos Drummond de Andrade, Rodrigo Melo Franco, e milhares de outros servidores, precisa entrar na pauta da Cidade, e na negociação dos políticos ao lado da nossa atávica obsessão pela exploração das riquezas naturais como fonte de enriquecimento. Este é o pré-sal da Cultura; precisamos dele também para sobreviver com qualidade de vida!
O pre-sal é agora a bola da vez,já foi o pro-alcool,a pre- mamona pré dendé, e la se vão os prés enquanto alguns países mais civilizados já estão em busca de fontes energeticas mais limpas. O automovel como meio de transporte ocupa espaço, polui, no verão o calor das ruas com o tráfico intenso fica insuporável. E dai ? A sensação que tenho é que as politicas publicas são só para efeitos imediatos,dane-se o futuro.
Palácio Gustavo Campanema marco de arquitetura moderna no país entregue ao desprezo.