A Grande Leopoldina é uma importante área da Cidade do Rio que merece um olhar especial – um olhar de planejamento urbano e de revitalização das atividades industriais e de serviços, que já foram o seu fort
A Grande Leopoldina abrange bairros significativos da Zona Norte do Rio: Vigário Geral, Parada de Lucas, Cordovil, Braz de Pina, Penha Circular, Penha, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Manguinhos e Triagem.
Ali já se localizaram importantes indústrias, que foram sendo desativadas. Algumas delas significativas, a exemplo do Curtume Carioca, a GE, a Gillete, a Cisper.
Também saíram da área os galpões da Embratel e da Conab. Foram para o nordeste brasileiro a Company e a Adonis, e várias fábricas artesanais de sapatos (dados de Heitor Silva, professor UNISUAM, Doutor em Planejamento Urbano, que participou do Fórum da Grande Leopoldina).
A região desvitalizou-se economicamente, e o poder público nada fez para incentivar ali a relocação de novas atividades.
Duas grandes vias cortaram a área: primeiro, a Estrada de Ferro da Leopoldina, que ainda é um importante meio de transporte local, mas que dividiu os bairros por onde passa. A outra, a Avenida Brasil. Por isso, o transporte público na área ainda é significativo.
Agora, outra via vai atravessar a Leopoldina: a Transcarioca. Mas, a unanimidade dos moradores se sente insatisfeita, pois a via cortará a área sem, contudo, lhe oferecer serviços de transporte.
Conforme inscrito nas placas das obras, a Trancarioca é a via expressa do Aeroporto Internacional para Barra e, como tal, dividirá a Região da Leopoldina, que hoje é fundamentalmente residencial.
Mais uma vez, a importante Leopoldina será apenas a passagem entre dois pontos, com centenas, milhares, de desapropriações alcançando domicílios e residências. Para onde irão esses milhares de moradores? A que custo?
Nos dias 2 e 3 de abril, o Fórum da Grande Leopoldina, realizado no Olaria Atlético Clube, com a presença de inúmeras associações dos bairros, resolveu reagir ao descaso governamental: irá se reunir permanentemente para defesa dos interesses da região.
A primeira prioridade é a forma como a Transcarioca está sendo executada: sem projeto, sem planejamento. A unanimidade dos moradores quer que a linha férrea, que já corta os bairros, seja aproveitada e que as obras da Transcarioca sejam suspensas, exatamente para evitar as desapropriações, e mais um seccionamento daqueles bairros.
Querem que o transporte seja ferroviário, e não rodoviário. Mas, há ouvidos para ouvi-los?
Ainda há tempo de se fazer um planejamento urbano decente para a Grande Leopoldina, que envolva estudos de mobilidade urbana modernos, e não de curto prazo, que atendem a interesses eleitorais e dos megaeventos.
Aliás, por que as áreas da Leopoldina, tão perto do Aeroporto do Galeão, não foram brindadas com arenas e vilas esportivas? Por que tudo se acumula só na distante Barra da Tijuca, que não tem nem esgoto? Por que permutar terras públicas na ponta da Lagoa de Jacarepaguá por equipamentos esportivos, que poderiam ser construídos na área da Leopoldina?
Será que, para os governos, a Cidade do Rio começa e acaba na Zona Sul e Barra?
Muito bom! Concordo plenamente! Barcelona (1992) e Sydney (2000) implantaram sistemas ferroviários para as olimpíadas. Londres está aproveitando a olimpíada para revitalizar toda uma área, Stratford, incluindo a ferrovia. Por que aqui é diferente? A Transcarioca não é um projeto olímpico, é apenas um projeto de governo. O Rio precisa aprender com Barcelona, Sydney e Londres que o maior legado de uma olimpíada é a integração urbana, a oportunidade de integrar espaços antes degradados e esquecidos.
Obrigada Zelesco. Vamos também trabalhar pelo Remo, amplo e popular, como já foi um dia.
Cara Dra. Sonia, parágrafos arrasadores os dois últimos. Concordo 100%! Parabéns pela atuação parlamentar. Alessandro Zelesco