Obras públicas inacabadas são imprevisibilidades planejadas: Banco Central e UFRJ
O artigo deste dia 30 de abril, do jornal “O Globo”, sobre os “Esqueletos de prédios públicos federais” no Rio, só pode ser fruto da costumeira imprevisibilidade planejada. Lamentável!
Mas, de todos, chama a atenção – além da dramática situação dos hospitais do Andaraí e de Bonsucesso – o caso do que seria a nova sede do Banco Central, no Porto, e dos prédios da UFRJ no Fundão. E por quê?
Por dois motivos: no caso do Banco Central, este blog publicou exaustiva e criticamente a falta de planejamento, do BC, nos anos de 2011/2012 de fazer ali uma mega obra, bilionária, para não só transferir a área do “meio circulante”, conforme publicado, mas também toda da área administrativa do Banco, atualmente funcionando, e muito bem, em um equipadíssimo prédio na Avenida Presidente Vargas.
Não fosse só o desperdício do BC de querer fazer mais uma “obrinha” para as funções administrativas já tão bem localizadas e acomodadas, o banco sabia de duas coisas; o local do Porto, onde pretendia construir, era uma área com arqueologia importante, área de trapiches.
Dizem que a caixa forte do Banco, para ser construída, teria de destruir importante arco de pedra, enterrado, de um dos trapiches mais importantes da antiga área portuária.
O caso foi parar no IPHAN e também sob investigação do Ministério Público Federal. Não eram fatos nem irrelevantes, nem muito menos desconhecidos, a não ser pela incompetência (vamos chamar assim…) de se planejar esta obra.
Gabarito fora da lei – Como se isso não fosse o suficiente, o BC queria um gabarito fora da lei para construir seu prédio. Para isso, contou com a boa vontade do Prefeito da Cidade que concordou mandar para a Câmara do Rio uma lei de exceção para favorecer o Banco, permitindo que este construísse fora dos índices de edificabilidade do planejamento normal da área!
E pagando ao Município para isso; comprando a exceção. Tinham grana ou pensavam que tinham.
Deu no que deu, e estão lá milhões de reais em um obras paralisadas. Deviam cobrar das autoridades do BC responsáveis pelo setor e pela contratação, já que os servidores do Banco, avisaram e lutaram arduamente, à época, contra esta barbaridade administrativa.
UFRJ – No caso da UFRJ, fico a refletir o motivo de uma Universidade aparelhada de professores tão competentes não consegue sair destas enrascadas administrativas. A instituição tem professores de Direito, Arquitetura, Gestão, Administração, Economia, Engenharia. Tudo enfim, que seria necessário para a gestão de si própria!
Mas, o que mais me admira é o fato de gestores da Universidade cederem terras e mais terras dentro do Campus, e próximo dele, à Petrobrás, à GE (Centro tecnológico – de graça), à L´Oréal, estas duas últimas na paradisíaca Ilha de Bom Jesus, sem nenhuma contrapartida financeira para finalizar os seus prédios do campus!
Junto com as obras bilionárias, as contratações de empreiteiras e a cessão dos recursos fundiários, federais, estaduais e municipais formam um conjunto de imprevisibilidades planejadas cujo preço, no futuro, há de ser monumental.
Essa é apenas uma ponta do iceberg, cujos negócios, em função da crise estão apenas despontando.
Quanto à questão da UFRJ, essa sempre foi a postura da Reitoria.
No tempo da ditadura, tudo bem, faziam e faziam mesmo, afinal era ditadura.
Mas, com a abertura democrática as coisas começaram a se complicar, os interesses dos out siders passou a contar mais alto e a Reitoria vendia a alma para o diabo. Simples assim…