Olimpíadas e Autódromo de Jacarepaguá: negócios imobiliários!
Empreendimento privado, custos públicos: a mesma história
A notícia de demolição definitiva do Autódromo de Jacarepaguá, combinada com a retirada da Vila Autódromo do local, é mais um capítulo do atentado aos recursos públicos da Cidade do Rio de Janeiro – recursos financeiros e fundiários.
Veja resumidamente porque:
1. A área aonde está construído o Autódromo de Jacarepaguá era uma área privada (Caledônia Imobiliária), que foi, na década de 70, desapropriada com recursos públicos, pelo então Governo do Estado, para ser o Autódromo do Rio.
2. O Estado do Rio transferiu esta área ao Município do Rio de Janeiro, como área pública. Em 2007, na época do Pan, foram investidos mais recursos públicos para lá construir outros equipamentos esportivos, como a Arena HSBC, o Parque Aquático Maria Lenk e as pistas de ciclismo. Seria o legado público do PAN, feito com mais recursos públicos.
3. A Prefeitura do Rio, a pretexto das Olimpíadas, apresenta, numa segunda fase de propostas ao COI, a Barra como local para se localizar o Parque Olímpico, ao invés de utilizar outras áreas públicas sem uso na cidade, como as áreas do Porto ou de Deodoro. E o local, na Barra, é justamente onde já está construído o Autódromo de Jacarepaguá.
4. Contudo, a Prefeitura, para dizer que não estaria gastando mais dinheiro público com isso, passa a chamar a operação de “parceria público-privada”. Porém, nesta operação, o privado não entra com qualquer dinheiro, já que a Prefeitura, para pagar a construção do futuro Parque Olímpico o fará dando 75% de toda a área pública do Autódromo às empresas privadas que irão construí-lo; mais de 1 milhão de m2 dados em pagamento ao consórcio formado pelas empresas Carvalho Hosken, Odebrecht e Andrade Gutierez.
5. Após as Olimpíadas, apenas 25% da área, e dos equipamentos serão mantidos e, ainda assim, a serem entregues, conforme anunciado, à administração privada, (como no futuro Maracanã); o restante será ocupado, totalmente, por prédios privados que serão comercializados pelas empresas, que serão donas da última área pública à beira do sistema lagunar de Jacarepaguá, em vias de extinção.
6. Como se não bastasse isso, e para viabilizar este negócio, o Governo Federal se comprometeu a custear a construção de novo Autódromo, já que irão destruir o que está feito e pronto com dinheiro público. E para fazê-lo irão disponibilizar nova área pública, desta vez uma tutelada pelo Exército em Deodoro.
7. Só que o Exército resolveu oferecer, para tanto, uma área que ele não poderia utilizar para venda no comércio, pois é uma área preservada, de Mata Atlântica, em recuperação. Então, os custos do novo autódromo, além da destruição do que já existe, envolve também recursos federais para o futuro, e sobretudo, o uso (e comprometimento) de área preservada de Mata Atlântica!
Então, vem a pergunta simples: se o Governo Federal vai dar terras em Deodoro para um novo Autódromo e recursos para construí-lo, por que não se construir o Parque Olímpico em Deodoro, com estes recursos, sem destruir a Mata Atlântica? Por que destruir o Autódromo que já existe em Jacarepaguá? Será que tudo isto é uma enorme operação imobiliária tão somente para doar mais de 1 milhão de metros quadrados à empresas “parceiras”?
Tirem as suas deduções óbvias… Leiam nossas publicações a respeito.
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