Os trens chineses

Enquanto o Brasil constrói estádios de futebol, a China investe no sistema ferroviário, consolidando-se como a nova referência mundial no setor.

A linha de trens de alta velocidade entre Pequim e Xangai, as duas maiores cidades do país asiático, estende-se por 1.318 km e exigiu um investimento de cerca de US$ 32,5 bilhões, reduzindo de dez para cinco horas o tempo de viagem entre as duas cidades.

A construção começou em abril de 2008 e a linha física foi concluída em novembro de 2010. Desde então, circulam por ela trens em sistema de testes.

A “Beijing–Shanghai High-Speed Railway” é maior linha de trens de alta velocidade já construída em uma única etapa em todo o mundo, e representou um desafio para a engenharia chinesa.

Parte do percurso atravessa áreas densamente povoadas e de solo instável, no delta do rio Yangtsé.

Em função disso, cerca de 1.140 km (85% do trajeto) é feito em vias elevadas, incluindo 224 pontes. Uma delas, a “Grande Ponte Danyang–Kunshan” se estende por 164 Km, o que lhe confere o título de mais longa ponte do planeta. Há ainda 22 túneis, totalizando mais de 16 km.

A nova ferrovia foi projetada para suportar os trens-bala chineses CRH380 operando em uma velocidade contínua de 350 km/h, com picos de 380 km/h. A previsão inicial era de que a velocidade média no trajeto ficaria em 330 km/h, o que permitiria ligar Pequim e Xangai em cerca de 4 horas, com uma única parada intermediária em Nanjing Sul.

Questões de segurança e a necessidade de reduzir os custos de operação (e os preços das passagens) levaram a operadora a estabelecer um padrão mais conservador: o trem expresso, com uma única parada, fará o trajeto completo em 4 horas e 50 minutos, a uma média de 300km/h.

Nos trens normais, operando a 250 km/h e com diversas paradas intermediárias, o percurso leva pouco menos de 8 horas – duas horas a menos que os trens mais rápidos das linhas atuais, que deverão continuar operando como alternativa aos trem-bala.

A meta é que os trens-bala transportem cerca de 220 mil passageiros por dia, o dobro da capacidade atual das linhas convencionais. Nos horários de pico, a previsão é de que trens partam a cada cinco minutos.

A rede de trens de alta velocidade chinesa alcançou 8.358 km em 2010, devendo chegar a 16 mil em 2015 – o que deixará a China com mais quilômetros de linhas de alta velocidade do que todas as redes do resto do mundo somadas.

Incluindo as linhas convencionais, a rede ferroviária chinesa totaliza hoje mais de 90 mil km, devendo chegar a 120 mil km na próxima meia década. O trem é o meio de comunicação preferido dos chineses para viagens de longas distâncias e as ferrovias chinesas transportaram 1,68 bilhão de passageiros em 2010.

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