Perdas culturais no Rio: Cine Odeon, Cine Leblon, Rua da Carioca …
Espaços culturais no Rio – como o tradicional Cine Odeon, com 90 anos de funcionamento e 10 anos de investimentos da Petrobras -, e o Cine Leblon – ponto de referência histórica da trajetória de ocupação urbana do bairro – anunciam fechamento. Outros negócios, mais lucrativos, são a causa de suas extinções.
Três perguntas. A primeira e a mais importante – a Cidade e os seus moradores querem evitar o fechamento destes tradicionais pontos de cultura? E as demais perguntas: há como evitar? A cidade preparou-se para impedir?
Quanto à primeira pergunta, não há quem possa responder, já que no Rio não se consulta sistematicamente a sociedade civil organizada (no caso, as associações de moradores e as associações culturais) para absolutamente nada. Mas, imaginamos que os cidadãos ficam sentidos e tristes ao ver, a cada mês, seus pontos de atividades tradicionais não se sustentarem mais, seja no Leblon, seja na Cinelândia, seja nas tradicionais lojas da Rua da Carioca.
Portanto, não se trata de uma questão pontual; ela é sistemática e diz respeito a quanto o planejamento urbano no Rio não está preparado para evitá-la.
O que faz com que estes pontos culturais não se sustentem?
Não há dúvida que é a pressão – comparativa – de ganhos mais altos com outros usos e/ou outras edificações muitíssimo mais rentáveis. A equação é simples.
Se na área o proprietário ao lado pode ganhar muito mais com a liberação total de suas atividades, por que um ou outro proprietário deveria suportar o “ônus” de manter uma atividade de interesse público? É isso que os proprietários reivindicam; o ganho comparativo. E há como evitar? Sim, claro que há, ao menos em tese.
E digo mais, o simples tombamento ou a declaração de Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC) já não bastam. Aliás, o Cine Leblon está dentro da Área de Proteção Cultural do Leblon (APAC), estabelecida pelo Decreto 20300/2001 que, aparentemente, não é suficiente para garantir o seu uso, e nem as características estruturais do prédio dentro do contexto do bairro. E porque não?
Porque o proprietário quer um projeto de melhor renda, dentro de um bairro cujo metro quadrado passou a valer ouro, inflacionado, exponencialmente, pelo mercado fundiário da cidade.
É justo? Para quem? Para o proprietário, para o bairro, para a Cidade? Isto depende do ponto de vista de quem olha e argumenta.
Haveria como evitar? Evitar não sei; mas minimizar, com certeza, se a Cidade, em seu novo Plano Diretor de 2011, não tivesse fulminado do seu texto o instituto do “solo criado”, hoje denominado pelo Estatuto da Cidade de “outorga onerosa do direito de construir” e que também pode ser aplicada a mudança de uso.
Patrimônio Cultural perdido – No texto do Plano Diretor de 1992 tínhamos já a previsão do “solo criado”, embora nunca realizado na prática. Mas estava lá, no texto, pronto para ser implementado.
O PD de 2011 detonou o instrumento. E, por isso, durante este período de estonteante inflação do mercado fundiário urbano no Rio, a cidade não tem qualquer previsão institucional que permita impedir a inevitável apropriação, pelos proprietários de imóveis, de todos os ganhos pela aplicação dos índices construtivos dados a eles, de graça, pela legislação.
E a consequência é simples e inevitável: sem outorga onerosa perderemos nosso patrimônio cultural, que sucumbirá frente as imensas possibilidades de lucro privado no uso, sem contrapartida, dos índices urbanísticos da cidade!
Afinal, nem todos no Leblon são amigos do “rei”, como um restaurante que mereceu, em 2011, ser tombado como ponto cultural chic da Cidade! Só ele se “safou”, por enquanto…
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As cidades se transformam e rapidamente. Para o bem e para o mal. Claro que gostariamos de ver nossos bairros ainda com os belos casarões preservados, e seu patrimonio arquitetonico original. Porém, as transformações não começaram agora. Na mesma rua adiante dois quarteirões do cinema Leblon, derrubaram um posto de gasolina e contruiram uma torre enorme. Fica a pergunta: porque pode ocorrer isto com um posto mas não com o cinema? A resposta obvia é que é porque o cinema é um bem cultural. Mas aí vem a confusão esquisita que ronda estas terras alem mares: patrimônio cultural de quem? Entendo que a propriedade privada é a base da sociedade capitalista (por mais que alguns não queiram, ainda vivemos em um pais capitalista) e o respeito a esta deve ser observado. os proprietários do cinema investiram na criação do dito patrimonio cultural e tem prejuizo mantendo-o aberto. Assim, pedem a aprovação de um projeto que possa viabilizar a reforma do cinema em uma unidade cultural que não gere prejuizo. Veja bem: eles não querem acabar com o cinema (embora se quisessem, teriam todo direito na minha opinião), mas reformá-lo e com o projeto obter os recursos necessários a isto. Defesa de patrimonio cultural com o dinheiro alheio é fácil. Queria ver os defensores do socialismo cultural venderem suas propriedades privadas para poder pagar a preservação do patrimonio cultural. Se o poder publico acha que a propriedade em questão deve ser preservada, então o prefeito deveria usar o dinheirinho suado dos nossos impostos e comprar o cinema e gerir o mesmo com todo prejuizo. Mas será que é isto que queremos?
Como dizia o filósofo: o capitalismo é cheio de defeitos, mas ainda não inventaram nada melhor.
complementando entrem neste link . que povo maluco, que pais demente,
que governantes cruéis. ja que nao dá para voltar atras e fazer um novo
começo devemos pelo menos mudar de agora em diante. o que se veneste link e de doer o coraçao .
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=837422
temo também e muito pela casa de conde deu marido da princesa isabel prédio e capela lindíssimos. fica aqui na Paulo VI continuação da barão de itambi.
Os shoppings tiraram a vez dos cinemas de bairro, principalmente pela segurança, varias salas, praças de alimentação. Felizmente nem todos foram derrubados e ainda servem para outras atividades. É o progresso
gerando emprego, impostos e satisfação para todos.
Infelizmente, os cinemas principalmente nos subúrbios perderam espaço para os shoppings, até pelo conforto do estacionamento, praça de alimentação, varias salas no mesmo espaço e até certo ponto pela segurança. Outros foram adquiridos por entidades religiosas, que as conservam como antes. Li que atualmente existem mais salas do que antes e com certeza outras virão, já que não param de construir shoppings por toda cidade, o que também é bom, principalmente pelos empregos.