Planejamento Urbano no Rio: teoria e prática
Ontem, fui surpreendida com um anúncio de meia página, publicado no jornal “O Globo”, sobre a realização, nesta semana, na Cidade do Rio de Janeiro, de um encontro especial, o “Arq.Futuro“, onde renomados arquitetos discutirão a “arquitetura hoje”.
Diz parte do anúncio: “Durante dois dias, arquitetos, críticos, escritores, economistas, pesquisadores vão falar sobre temas que interessam a todos: cidadania, políticas habitacionais, planejamento urbano e qualidade de vida“.
Animada pensei em tirar uma parte do tempo que dedico às atividades parlamentares da Câmara do Rio – onde circulam todos os projetos que dizem respeito à cidadania, políticas habitacionais, planejamento urbano e qualidade de vida – para ir ( após descobrir onde será o evento) ouvir como os planejadores do futuro podem ajudar na discussão das propostas legislativas do presente, que circulam na Câmara: alteração do gabarito para prédios que não respeitam o corredor cultural da Cidade, conjuntos habitacionais nas áreas de preservação de fortes, alteração de gabaritos sem captura de mais valias urbanas, vias expressas e metrôs sem projetos definidos e divulgados.
Veio a surpresa: com o anúncio do evento, a notícia “vagas esgotadas“.
Morri de inveja daqueles que haviam sido informados sobre o evento com antecedência, e se articularam para reservar vaga. Infelizmente, eu, e acredito que todos os meus colegas vereadores também, não recebemos nenhum aviso ou convite prévio. Ficamos de fora dessa festa de discussão sobre cidade e cidadania. Afinal, o que é mesmo que vale um vereador?
Enquanto uns estarão discutindo o futuro, estaremos, nesta semana, votando, talvez sem qualquer debate, o duro presente da Cidade, no plenário da Câmara: novos planos de estruturação urbana, novos pedidos para aumentos especiais de gabarito, novas transformações de áreas públicas em privadas.
Tudo com galerias vazias, e nenhuma manifestação sobre as propostas dos projetos em andamento.
Quando é que o futuro falará com o presente?
Boa observação, os profissionais se fecham em ciclos e os seus estudos e discussões não são acessados pelo restante da população. Penso que falta dialogo entre os profissionais, um fluxo maior de informações que saia do meio acadêmico e chegue aos meios de comunicação de massa.
Doutora Sônia Rabello,
Tenho a certeza de que se os organizadores soubessem de sua pretensão em participar do tal encontro, as portas se abririam.
Aliás, não consigo conceber qualquer discussão sobre planejamento de um bairro, município, estado ou nação, sem a presença de autoridades do executivo e legislativo.
Quem pensam que são os profissionais liberais, para deliberarem sobre os destinos de uma cidade, se ela pertence a todo o povo, e se a voz do povo é o parlamento?
Reuniões semelhantes, ao arrepio das diretrizes dos poderes constituídos, não valem nada, a não ser para se idealizar o éden, ou mais precisamente, para nada.
O mesmo acontece quanto ao congresso entre futuro e presente, pois também de nada servirá sem o comparecimento do passado.
É claro que assim, sempre haverá diálogo entre presente e futuro, e esse diálogo chama-se PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, ou mais politicamente, DIRETRIZES QUE NORTEARÃO O PRESENTE, PARA UM FUTURO MELHOR!
Quando será esse importante congresso? Será que seremos convidados?
Bom dia, e obrigada por comentar.
sra. sonia, o futuro jamais falará com o presente… O prefeito pensa no futuro porque está perdido e não sabe o que fazer para administrar o presente. Pior, acha que ninguém está percebendo que está acuado pelos problemas sem solução da cidade. Vemos o caos se instalando todos os dias na cidade. O Rio de Janeiro já virou a Calcutá nº. 2. Coitada da nossa cidade. Contamos com a sua tenacidade. Bom dia!