Praça Tiradentes e seus arredores
Show e falácias
Notícias de muitas inaugurações e feitos fantásticos movem e promovem o governo municipal do Rio, até na área do patrimônio cultural. Mas, infelizmente, nem sempre elas correspondem aos fatos.
Foi noticiada, pelo subsecretário de Cultura do Rio, a reinauguração da tradicional Praça Tiradentes, no Centro do Rio, com a recuperação e limpeza do seu piso e a retirada das grades (colocadas há poucos anos).
O evento será neste final de semana, com festas e shows. Contudo, foi dito que o Município teria restaurado, ao custo de R$ 4 milhões, três outros importantes prédios que circundam a Praça: a Casa de Bidu Sayão, a Igreja do Santíssimo Sacramento e o Solar do Visconde do Rio Seco. Pura falácia!
Fomos ontem, dia 4 de agosto, conferir. Infelizmente, o estado destes prédios é lamentável.
Dois aspectos merecem destaque:
1º – Não podemos mais tomar por verdade as declarações das autoridades sem conferir se elas correspondem, de fato, à verdade, já que está consagrado no espírito do executivo, que mais vale anunciar do que realizar!
2º – As políticas públicas de conservação do patrimônio cultural da cidade, que servem de referência simbólica do nosso patrimônio coletivo, estão efetivamente em baixa. Atitudes e ações de preservar e conservar ainda não foram incorporados à agenda política, que continua contaminada pela ideia de que o crescimento se dá pela antropofagia do que já foi feito, do território e do ambiente.
Há o discurso, mas este ainda é divorciado da prática. Mas, se ainda há o discurso, significa dizer que há esperança, porque para o político ainda parece ser politicamente correto a proteção do patrimônio cultural e da qualidade de vida coletiva.
Interior da Igreja do Santíssimo Sacramento |
Resta cobrar a realização do discurso, e também a veracidade das notícias.
Para começar, cabe-nos, aqui, ao menos, colocar os “pingos nos is”.
Só para lembrar:
No último fim de semana, na “cidade espetáculo”, o sorteio das eliminatórias de 2014 – realizado em poucas horas – custou aos cofres públicos Estadual e Municipal cerca de R$ 30 milhões.
Comparem os “investimentos” e tirem suas conclusões (…)
Olá!
Muito gostei do seu blog. O que você fala é, infelizmente, uma verdade. Hoje (dia 3 de novembro de 2011), fui até a Igreja do Santíssimo Sacramento. Até onde pude averiguar, a fachada e o exterior do templo, que estavam barbaramente vandalizados, foram recuperados e restaurados os relógios, janelas, estátuas e sinos. Contudo, o interior permaneceu esquecido! Conversando com o pároco local, fui informado de que há uma ação judicial movida pela igreja contra a prefeitura devido a ausência desta em tomar uma atitude quanto às goteiras, porque quando chove, as missas retratam muito bem a história de noé e o dilúvio. A ação já foi julgada em prol da igreja em duas instâncias, mas a prefeitura conseguiu mais um recurso e a querela continua… Enquanto isso durar, temo que teremos que conviver com uma Igreja do Sant. Sacramento esquecida. Quanto ao solar, muito duvido que algo seja feito agora com a explosão do restaurante na Pça. Tiradentes. Mais uma falha da prefeitura…
obrigada pelos ricos e interessantes comentários.
A RJ TV, a Globo alardeou a recuperação da Praça Tiradentes quase o programa todo, com fosse a Capela de Sistina na Itália. A quem serve o interesse patrimonial? Devemos começar a levantar de onde sai o dinheiro. Se é realmente a verba sai da Prefeitura, ou por via direta, que indiretamente, sai dos cofres do poder público que repassa para a Fundação Roberto Marinho, via novamente para a Prefeitura. Há algum tempo, venho notando que existem quatro poderes no Executivo. A Presidência, o Governo do Estado, o Município e a Fundação Roberto Marinho, isto é a TV Globo. E mais, todos eventos culturais quer seja nacional e internacional da Cidade do Rio de Janeiro, como foi o caso do sorteio das chaves para a Copa do Mundo, está nas mãos da Empresa de entretenimento a Globo Rio. Tem que começar a catucar a onça com uma vara bem comprida.
Parabéns, vereadora. Excelente trabalho.
Boa tarde, Sônia,
A informação que saiu no Jornal "O GLOBO"de 03 de Agosto de 2011 informa que, desde 2005 foram gastos R$11,19 milhões na praça e seu entorno.
Afirmo aqui que as placas indicativas da restauração do palacete do Barão do Rio Seco, que inclusive tinham o patrocínio do IPHAN, estiveram nesta edificação desde 2006, assim como as amostras de cores, já desbotadas pelo tempo.
Até hoje a edificação conta somente com as paredes externas, suas jenelas e o telhado…por dentro é um vazio.
Na Praça Tiradentes há vários imóveis que somente apresentam as paredes externas, por enquanto.
No entanto, para um particular efetuar um projeto de recuperação de qualquer pequena construção nesta área, é exigido, pelos orgãos competentes, um verdadeiro exercício de paciência e tolerância.