“Prejuízo com a Perimetral”

Neste artigo, o  mestre em engenharia de produção pela Coppe/UFRJ Agostinho Guerreiro destaca que além dos imensos transtornos causados pela derrubada da Perimetral, com repercussão em vários pontos da Cidade, um novo capítulo dessa história – o leilão das valiosas vigas de aço do Elevado que de lá serão retiradas, merece uma atenção especial da sociedade.

“A Prefeitura do Rio anunciou no edital um valor inicial 780 vezes menor do que o que vale cada tonelada das vigas: R$ 320, um preço irrisório para comercializar a tonelada de um aço como esse, que pode ser reutilizado em novas obras públicas”, observa, acrescentando que este material, que agora vai virar sucata, foi pago com o dinheiro público.

Prejuízo com a Perimetral

Artigo originalmente publicado no Jornal “O Globo”

“Chegou o momento esperado com apreensão por tantos cariocas e fluminenses: a derrubada do elevado da Perimetral. E, como se não bastasse o caos que está o trânsito na região, com repercussão em vários pontos da cidade, agora assistimos a mais um capítulo dessa história: o leilão das valiosas vigas de aço Corten e Niocor que de lá serão retiradas.

A Prefeitura do Rio anunciou no edital um valor inicial 780 vezes menor do que o que vale cada tonelada das vigas: R$ 320, um preço irrisório para comercializar a tonelada de um aço como esse, que pode ser reutilizado em novas obras públicas.

Se já não bastasse o prejuízo com as primeiras seis vigas retiradas e que foram furtadas na `mão grande´ — se é que isso é possível quando se trata de vigas de 20 toneladas cada —, a prefeitura parece disposta a continuar ignorando o valor das mais de mil vigas que ainda serão removidas do elevado. Fazer um leilão a esse preço é sucatear um material que ainda tem muita vida útil pela frente. Só as utilizamos por 35 anos e elas ainda resistem por mais uns 350 anos, sem precisar de manutenção.

Cada viga de 40 metros de comprimento e suas 20 toneladas custa R$ 250 mil, já prontas para uso. Se as primeiras 384 vigas que serão retiradas fossem vendidas a esse valor, renderiam aos cofres públicos R$ 96 milhões. Seria pedir muito, concordo. Porém, com a tonelada a R$ 320, como anuncia o governo, o total de 8.263 toneladas destas vigas fará o município arrecadar a quantia ínfima, comparativamente, de R$ 2,4 milhões.

Membros do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro e profissionais do Sindicato dos Engenheiros de Volta Redonda formaram uma comissão para sugerir à Prefeitura do Rio um projeto de reciclagem deste aço, o que reduziria em até 45% os custos em novas obras públicas.

Essas vigas poderiam ser reaproveitadas, por exemplo, na construção de diversos viadutos sobre rodovias, inclusive na duplicação do Elevado do Joá, que liga São Conrado à Barra da Tijuca e passa por importante reforma. Poderiam ser construídas até 250 pontes com essas mil vigas que serão retiradas.

Na estrutura da Perimetral foram utilizadas 25,5 mil toneladas de aço de extrema qualidade, produzido na CSN, com alta resistência à corrosão. É importante lembrar que esse material, que agora vai virar sucata, foi pago com o dinheiro público.”

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1 Resultado

  1. se quiserem encontrar AGORA aonde estão as seis vigas desaparecidas, podem procurar num canteiro de obras do metro que com certeza é pra onde irão as outras. A parceria entre a empreiteira e a prefeitura é um caso de polícia. Só não me perguntem que polícia?

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