Santa Teresa poderá ter um Conselho Gestor
Na noite desta terça-feira, dia 4 de outubro, a Comissão Especial de Patrimônio Cultural da Câmara Municipal do Rio de Janeiro realizou um debate público na Igreja Anglicana de Santa Teresa, para discutir a preservação e a situação dos bens tombados do bairro.
A proposta inicial debate era a elaboração de um Plano de Gestão e a instalação de um Conselho Gestor da Área de Preservação Ambiental (APA).
Presidido pela vereadora Sonia Rabello, o debate reuniu cerca de 80 pessoas dispostas a cobrar do Poder Público ações efetivas para solucionar o maior problema atual do bairro: a paralisação dos serviços do bonde. Desde o acidente ocorrido em 27/8 quando o bonde perdeu o freio, causando mortes, o serviço está interrompido e tem seu futuro ameaçado.
Por essa razão, houve um princípio de mal-estar no debate. Alguns moradores questionaram a pertinência do momento de sua realização, e pleitearam que a discussão fosse voltada única e exclusivamente para a garantia dos serviços do bonde com a devida segurança, para que o luto seja superado.
A vereadora ouviu as queixas e garantiu que a luta da Comissão na Câmara é pela conservação dos patrimônios do bairro, entre eles, o símbolo da luta de Santa Teresa: o bonde, que é tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “O bonde é o símbolo da luta, mas o bairro inteiro precisa de cuidados. Eu me comprometo a lutar não só como vereadora, mas como técnica, buscando as estratégias que possam ser adotadas para conservação e recuperação do bonde que é o catalisador do patrimônio cultural do bairro”, garantiu Sonia Rabello.
O bairro conta com 21 bens tombados pelos governos federal, estadual e/ou municipal. Ao final de quase três horas de debate, foram reivindicadas a participação dos moradores na decisão sobre o futuro do bonde, a participação nos processos de gestão, a transparência nos processos do Executivo e o direito dos moradores de Santa Teresa na indicação do administrador regional do bairro.
Os presentes ainda manifestaram indignação pelo arquivamento da CPI dos Bondes, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A vereadora se dispôs a publicar uma carta pública, escrita pela Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), no Diário Oficial da Câmara Municipal, para dar mais visibilidade à luta dos moradores.
A coordenadora de Proteção Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Isabela Lobato, que representou o Secretário Carlos Alberto Muniz, se mostrou favorável à instalação do Conselho Gestor do bairro.
Fizeram parte da mesa além da presidente Sonia Rabello, a também vereadora Andrea Gouvêa Vieira, relatora da Comissão; Dom Filadelfo Oliveira Neto, bispo anglicano; Isabela Lobato, coordenadora de Proteção Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente; Paulo Vidal, coordenador de Conservação e Projetos Especiais da Subsecretaria de Patrimônio Cultural da Prefeitura do Rio; Fabio Scliar, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico da Superintendência Regional da Polícia Federal; Washington Júnior, administrador regional do bairro; e Elzbieta Mitkiewicz, presidente da AMAST.
A Comissão Especial de Patrimônio Cultural seguirá com as audiências públicas e as próximas deverão acontecer na Ilha de Paquetá e em Guaratiba (zona oeste), e na Penha (zona norte).