São Pedro do Encantado, destombamento pelos vereadores do Rio
Se formos nos pautar pela decisão dos 36 vereadores da Câmara de Vereadores do Rio, a Igreja de São Pedro, parte da história da fé religiosa do bairro carioca do Encantado , na Zona Norte, vai se esvair pelo buraco. Vejam que história bizarra do Legislativo carioca.
No dia 21 de dezembro de 2017, em 1ª e 2ª votações, a Câmara aprova projeto de lei do vereador Rafael Aluísio de Freitas, que tem por objetivo destombar a Igrejinha de São Pedro, no Encantado. Quem lê o texto da proposta de lei aprovada, pura e simplesmente nunca poderá saber porque cargas d´água o vereador cirurgião-dentista, em seu 1º mandato, propôs tal comando, inepto, ao Executivo: desproteger aquele símbolo do bairro da sua proteção, abrindo caminho para a sua demolição.
Seria por falta de imaginação para propor outros projetos mais substanciosos, do que este tipo de projeto de lei? Ou seria apenas para atender ao padre Henrique …?
A curiosidade nos impulsiona a saber mais. De acordo com a brevíssima justificativa ao projeto legislativo, teria sido o “padre Henrique” quem teria pedido ao vereador “este destombamento, em razão das dificuldades de encontrar uma empresa que se interesse em restaurá-la, devido o risco iminente de desabamento da torre da igreja. Com esta proposição, será viável a reforma com a demolição da torre.” Ou seja, demole-se a torre, característica fundamental da igreja, e garante-se, com a lei, a reforma? Como assim? Só bobo acredita em conto da carochinha …
Para piorar a história, tal proposta legislativa foi votada de afogadilho pelo vereadores. Duas votações, a 1ª e 2ª em um só dia (21.12.2017), sendo que a segunda votação foi tarde da noite, às 22h40 em sessão extraordinária. Ufa! Que pressão!
Desamparo do patrimônio – Para quem quer se aprofundar nas tenebrosas argumentações feitas em prol do desamparo de tão simbólico e singelo patrimônio do bairro e da Cidade, vale dar uma olhada nas rápidas argumentações de dois vereadores que dizem, na 1ª discussão, que o destombamento é para facilitar a reforma da Igrejinha, mas sem a torre; seria para salvar o patrimônio histórico, … que corre o risco de cair. Destomba, jura que reforma, e depois tomba novamente(…). Inacreditável! Porém, não há nenhuma dessas condições e promessas no tal projeto aprovado nas escuridão da noite legislativa carioca.
Os Vereadores agiram como se não fizessem parte de uma parcela do poder constituído: ignoram, simplesmente, as funções do Executivo. Não houve nenhuma palavra durante este fugaz processo legislativo sobre as funções do órgão de preservação da Prefeitura.
Será foi proposto, junto à Prefeitura, algum projeto de restauração da igrejinha ao longo destes 10 anos de abandono da mesma pela Mitra? Será que houve negação de algum projeto proposto? Será que o órgão de preservação da Prefeitura, que na gestão passada recebeu o pomposo nome de Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, foi tão desidioso, nesta última década, com este patrimônio simbólico do subúrbio carioca? Não creio!
Enfim, tal momento de tristeza legislativa ainda tem salvação. Cabe ao prefeito da Cidade vetar tal iniciativa, que agride não só a competência executiva de fazer tombamentos e destombamentos, como também desprestigia o patrimônio do subúrbio carioca!