ThyssenKrupp: Companhia Siderúrgica do Atlântico
Descrição de uma visita técnica
Ontem, 17 de agosto, um grupo de 25 representantes das Câmaras Técnicas de Licenciamento e Fiscalização Ambiental e Bacia Drenante da Baía de Sepetiba e demais membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro (CONSEMAC) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), realizaram uma visita técnica à Companhia Siderúrgica do Atlântico TK CSA, situada no Complexo Industrial de Santa Cruz, às margens da Baía de Sepetiba.
Como representantes da Câmara Municipal do Rio de Janeiro no CONSEMAC, fomos também convidados a participar.
A motivação da visita deveu-se à confirmação pelo INEA dos problemas de poluição do ar causados, em meados e final de 2010, pela CSA. As emissões de partículas de grafite, oriundas da siderúrgica, e os consequentes problemas sofridos pela população que habita suas vizinhanças, foram amplamente divulgados pela mídia.
A fim de se inteirar da situação e tentar evitar novas ocorrências de poluição do ar causadas pela TK CSA, os membros do CONSEMAC participaram de uma reunião no local, onde, por quase duas horas, técnicos, representantes da siderúrgica, especialistas em desenvolvimento sustentável, licenciamento e direito ambiental, fizeram uma apresentação institucional da política de meio ambiente adotada pela empresa.
Os membros do CONSEMAC aproveitaram a ocasião para esclarecer as dúvidas sobre as causas, efeitos e medidas mitigadoras que estavam sendo implantadas.
Os técnicos apresentaram o projeto e a forma de funcionamento da siderúrgica. O terreno onde foi implantada corresponde a duas vezes o tamanho dos bairros de Ipanema e Leblon juntos, ou seja, 9 km2 . Dentro dele não existem moradias. Entretanto, num raio de um quilômetro, foram mapeadas cerca de 19 comunidades.
O terreno é contornado por três canais – Guandu, Fernando e Santa Cruz – que deságuam na Baía de Sepetiba. Atualmente, metade dessa área está ocupada com unidades em fase de teste, funcionando com licença de pré-operação dos altos-fornos, depósitos de matéria prima, termelétrica, estações de geração de energia e outras unidades produtivas instaladas numa planta integrada e sequencial. Além do Porto, que já tem licença de operação, e que é fiscalizado pela Receita Federal.
Dentre as questões levantadas, destacam-se as medidas compensatórias devido à isenção do ISS, previsto para o período de construção, e as ações realizadas como forma de “pagamento” da multa de R$ 14 milhões, estabelecida pelo INEA, que englobam a construção de escola sustentável, construção de escola técnica de Itajaí, monitoramento da qualidade do ar em três pontos do entorno, reflorestamento da Mata Atlântica, recomposição da vegetação do mangue, doação de equipamentos ao Corpo de Bombeiros local, construção de uma UPA, doação de barcos à Capitania dos Portos para uso na Baía de Sepetiba, projetos de educação ambiental, reparos de drenagem no Rio Grande, suporte local em projetos de maricultura e pescados, entre outros.
O aspecto mais significativo da reunião foi quando identificamos que o material particulado, objeto da autuação, não havia sido emitido das chaminés, e sim de um poço de emergência. Atualmente, as emissões das chaminés possuem um sensor que está conectado 24h por dia ao INEA.
Explicaram-nos que o poço de emergência fica localizado entre o alto forno e a aciaria. O aço “em brasa” que, por alguma razão, não foi utilizado para a formação de placas, não pode ficar parado e deve ser depositado em algum local, que vem a ser o poço de emergência.
O problema está no modo de seu resfriamento que, diferente das placas, ocorre mais rapidamente, gerando as partículas de carbono – grafite –, basicamente constituídas de carbono e um pouco de ferro. Com a ocorrência de ventos, essas partículas, que são muito leves, são levadas para outras áreas. O raio de alcance da poluição provocada por elas varia de acordo com o sentido e velocidade do vento.
A informação é a de que, até o momento, a questão não foi resolvida, por ainda não existir no mundo uma solução. Entretanto, os representantes da siderúrgica afirmaram que já contrataram uma empresa alemã para solucionar a questão.
Depois de esclarecidas as principais dúvidas, participamos de um site tour, como foi denominada a visita por eles. O grupo foi conhecer o Porto, que fica a 4 km de distância da siderúrgica e no meio da Baía de Sepetiba. Para chegar ao local, atravessamos o mangue, numa via suspensa, ladeada por uma esteira rolante onde a matéria prima segue do Porto até o local de depósito.
No momento da visita, havia dois navios atracados e foi possível observar como os granéis sólidos chegam à TK CSA e como as placas de aço são embarcadas por imãs gigantes.
O terceiro local da visita foi a sala de controle da Termelétrica, que tem geração de energia a gás e a vapor, como sistemas alternativos para manter os altos-fornos sempre em funcionamento, já que não podem ser desligados devido às altas temperaturas, que podem atingir 1500º C. Na sala de controle, foi possível conhecer toda a tecnologia empregada e informações sobre como é gerada autossuficiência energética e disponibilização de mais de 200 MW ao sistema.
O último ponto visitado foi a Aciaria, também conhecido como lingotamento contínuo. Nessa unidade produtiva, foi possível ver como o ferro, ainda “em brasa”, é moldado e resfriado até a saída das placas de aço, como produto final do complexo siderúrgico, destinado à exportação para os Estados Unidos e Alemanha.
Considerado tudo o que foi visto e aqui relatado, conclui-se que, apesar das inúmeras licenças que são exigidas pelo INEA – que é o órgão licenciador, em cumprimento ao art. 129 da Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro-LOMRJ –, poderá caber ao CONSEMAC definir, acompanhar, fiscalizar, promover e avaliar políticas, ações, projetos e programas referentes às questões relativas aos atuais e futuros impactos da TK CSA no Meio Ambiente do Rio de Janeiro.
E isto, sem mencionarmos os impactos urbanísticos que podem e devem ser considerados!
Doutora Sonia Rabello,
Se ainda não há como tratar o tal resíduo formado entre o alto-forno e a aciaria, também não poderia haver licença de nenhum tipo de operação.
Pelo menos é assim no país de origem da siderúrgica.
Aproveitar-se da logística do minério de ferro brasileiro faz parte da guerra entre Alemanha e China, pela matéria prima que não possuem e que estamos cedendo a troco de migalhas. Mas, ainda por cima sujar o nosso quintal é ato de desrespeito à soberania nacional.
Se fizéssemos o mesmo na limpinha Alemanha, estaríamos embargados e com prejuízo de US$ bilhões.
Desde o pau-brasil somos subtraídos a troco de mais miséria e degradação.
Não fosse assim, o Brasil estaria enriquecendo no mesmo ritmo das mineradoras.
Muito pelo contrário, desde D. João VI, nossa dívida externa e interna não para de subir.
Enquanto a VALE e MMX batem records de lucratividade vendendo exatamente nosso minério de ferro, o Brasil acumulou nos últimos 8 anos mais R$ 1 TRILHÃO em dívidas, que deve ser paga por nós, além de mais poluição e falta de oportunidade para o povo.
Mesmo sendo os verdadeiros donos desse minério de ferro, sobra-nos apenas a oportunidade de exercermos mão de obra semi escrava, dentro de nossa própria casa.
Empobrecemos enquanto pouquíssimos brasileiros lucram com nossas riquezas, posando de super empresários, sem passarem de simples Judas, boçais e entreguistas.
Senhora Vereadora, esta visita irá gerar um relatório ou qualquer tipo de documento onde a sociedade possa acompanhar os detalhes?
Obrigado
Rodolfo Lobato