O Rio pelo New York Times

No último dia 24 de junho, o Jornal New York Times publicou a reportagem Com as Olimpíadas se aproximando, Brasil e o Rio deixam rolar as más condições”.

A reportagem é analítica e real. E mostra o quanto a despreparada aposta na propaganda da Cidade pode ser um “tiro pela culatra”, uma divulgação internacional de uma cidade ameaçada e submetida ao crime, à pobreza, à falta de moradia adequada da população, à falência da Saúde exposta à epidemias, entre outros exemplos da sua falta de governança.

Destaco aqui alguns itens significativos da reportagem:

1.O título da reportagem não faz diferença entre a cidade do Rio – município – e a cidade do Rio, capital do Estado falido, como querem algumas autoridades. É o mesmo local e a esquizofrenia urbana é só na cabeça de alguns governantes.

2. A reportagem afirma que as condições econômicas do Brasil se alteraram radicalmente desde a eufórica candidatura em 2009. Afirma que “ambos o Estado do Rio, quanto a Cidade estão quebrados”.

3. Aponta situações dramáticas que atingem a cidade: professores e polícia com salários atrasados, orçamento de segurança cortado, hospital invadido para sequestro de criminoso, vírus da Zika.

4. Reproduz a fala de um secretário do Estado que disse: “Nós estamos perto de um colapso social no Estado”.

5. Embora diga que as Olimpíadas não tenham sido a causa da falência do Rio, destaca o orçamento de 20 bilhões de dólares gastos na infraestrutura olímpica. Acrescenta a opinião de especialista inglês que diz que o máximo de retorno econômico para a cidade será de 4.5 bilhão de dólares.

6. Destaca que são dois os retornos pretendidos por uma cidade patrocinadora das Olimpíadas: o turismo e a infraestrutura. Ressalta que, quanto ao turismo, no caso do Rio, a propaganda pode ser negativa, destacando a poluição da Baía da Guanabara, as remoções de pobres para obras olímpicas.

7. Quanto à infraestrutura, dá destaque às obras do Metrô, linha 4, que passa por área rica da cidade, enquanto os pobres padecem com transporte insuficiente. Reproduz a opinião de um professor na Universidade de Zurich, que diz que a “a construção desta linha [4] é problemática. Estendendo esta linha, deixou-se de poder atender [com os recurso] uma outra linha mais necessária. Esta linha é fracamente concebida, com um projeto fracamente executado” .

8. Destaca que empresas apanhadas pela Lava-Jato – como a Odebrecht – estão no centro das obras olímpicas.  Menciona também a queda da ciclovia da Niemeyer, a suspensão do único laboratório brasileiro pela agência mundial antidopíng, a declaração de calamidade pública pelo Estado e o dinheiro federal de 850 milhões de dólares para o socorro às olimpíadas.

9. Finaliza dizendo que os jogos vão acontecer. Mas, acontecerão numa bolha, divorciada dos problemas da cidade.  E que “três semanas depois do seu início, quando todos [os estrangeiros] se forem, … a população do Rio ficará para juntar os pedaços” da cidade.

Infelizmente, acho que estão com a razão. Mas, erraram na data.  

Juntaremos os pedaços em outubro, depois das eleições municipais!

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