As desnorteadas e precárias placas “Pra Olimpíada”

Neste artigo, a arquiteta Andréa Redondo registra a situação precária das placas placas “informativas”, hoje, tortas, enferrujadas, apagadas e que não cumprem a sua finalidade, pagas com dinheiro público. “Feitas de ferro, em muitos casos, instaladas à beira mar, durante a Olimpíada,ao custo de R$ 27,4 mil (!) cada. A ´ideia´ foi inspirada na experiência de Londres. Lá, entretanto, foram financiadas também pela iniciativa privada, a um valor bem menor, estimulam o comércio e agregam informações”, destaca.

As desnorteadas e precárias placas “Pra Olimpíada”

Andréa Redondo – Fotos Urbe CaRioca

Placas tortas, enferrujadas e muitas vezes apagadas estão entre os problemas encontrados nas ruas do país. E o Rio de Janeiro, infelizmente, não foge ao cenário de precariedade.

É inexplicável que o gestor eleito gaste o dinheiro público com placas “informativas” que não cumprem a sua finalidade,  feitas de ferro, e em muitos casos, para serem instaladas à beira mar. No Leblon,  Zona Sul do Rio, a falta de cuidado e manutenção das placas para orientação dos pedestres foi registrada pelo nosso site.

As placas em questão foram instaladas com vistas, principalmente, aos visitantes do Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. O custo de cada uma suscitou polêmicas; R$ 27,4 mil cada, na época.

Ao todo foram espalhadas quinhentas delas pela cidade, pelas regiões do Maracanã, Centro, Botafogo, Zona Sul e Barra da Tijuca, e investidos R$ 14,5 milhões (!) – segundo o  Ministério do Turismo – no projeto de instalação.

Ao menos estavam pintadas. Hoje, são ferrugem.

“Inspiração” – A ideia, segundo a Secretaria de Turismo, na ocasião, teria sido inspirada na experiência de informações a pedestres de Londres, que conta, desde 2010, com um conjunto de sinalização feita por placas, painéis, indicações nas calçadas. Entretanto, de acordo com documentos públicos da agência de transporte da capital inglesa, o gasto médio por painéis instalados por lá representou 66% do que a Prefeitura do Rio investiu por aqui. Enquanto cada placa carioca  saiu por R$ 27,4 mil, em Londres o preço médio da unidade foi de R$ 18 mil.

Placas em Londres : informativas e de menor valor

Outra diferença entre os dois projetos é que os painéis londrinos são muito mais completos. Por lá, o totem informa sobre locais onde há transporte público, identifica lojas, pontos turísticos e tudo o que houver disponível num raio de 15 minutos de caminhada. Além disso, os mapas exibem a cidade em 3D. E ainda é possível ver a lista das ruas em ordem alfabética, com sua localização num mapa em 2D. Sobre cada painel há uma placa de captação de energia solar para permitir a visualização  também à noite.

Iniciativa privada – A experiência londrina, chamada de wayfinding, é baseada em um conjunto de informações e sinalizações de rua, e permite que residentes e turistas conheçam, de fato, a cidade, descubram lojas e consumam. Por isso, ao contrário da iniciativa carioca, parte dos custos de instalação do projeto foi bancada pela iniciativa privada.

A lógica é que, caminhando, as pessoas, principalmente turistas, gastem dinheiro. Assim, áreas consideradas fracas para o comércio podem tornar-se mais atraentes. Segundo a Transport for London, agência que administra o transporte urbano na capital inglesa, 87% do dinheiro movimentado no Centro de Londres foram gastos de pedestres no entorno dos locais onde foram instalados os totens.

As placas no Rio de Janeiro foram instaladas em outras regiões, além da Zona Sul, conforme citado anteriormente. No caso da proximidade com a orla, o problema aumenta. Além disso, vale lembrar que o mesmo ocorreu no Jardim de Alah.

Por exemplo, o guarda-corpos, também à beira-mar e executado em ferro, está enferrujado, sem tratamento e pintura adequados. Alguns erros que, inexplicavelmente, se repetem.

 

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