Caso Havan, IPHAN protagoniza Davi e Golias, outra vez…

E “o diabo mora nos detalhes”

Publicada em todas as mídias a nova exibição do presidente da República, Jair Bolsonaro, perante uma plateia que ri, e na qual ele afirma que mandou “ripar” os servidores do IPHAN que, no exercício do dever funcional, teriam embargado uma obra de um empresário que o apoia. E ainda acrescentou que, feito isso, os novos nomeados não mais “incomodariam” os empresários, provavelmente porque que se lembrariam da “punição” da exoneração, caso cumprissem o seu dever legal!

Claro que o presidente, desconhecendo e desdenhando a importância do IPHAN, achou que nomear e exonerar servidores daquele desconhecido órgão, por motivos declaradamente pessoais, e para favorecimento de atividade privada de um apoiador, seria uma questão de pequeníssima relevância dentro da magnitude do poder que imagina ter.

E, mais uma vez, o IPHAN – pela sua aparente desimportância – volta às páginas de notícias, como um Davi frente a Golias: ninguém ousa imaginar que o desgoverno que aconteça dentro desse órgão possa impactar a Nação, ou seus governantes. Mas, sim, acontece exatamente ali.

Não faz muito tempo que um ministro de Estado quis intervir no IPHAN para a aprovação de um projeto de um prédio na Bahia. Deu o comando neste sentido ao ministro de Cultura (Marcelo Calero) a partir do Palácio do Planalto, onde ficava o seu gabinete junto ao então presidente Temer. Contudo, o ministro Calero não aceitou o comando de intervir na decisão do IPHAN. Fez-se o escândalo do caso Geddel – La Vue – Calero.  E, inacreditavelmente, por força não do presidente Temer, mas pela resistência de Calero e pela transparência na mídia, caíram ministros, e foi mantida a decisão técnica do IPHAN.

Desta vez, pelo que o presidente Bolsonaro reverberou, ele exonerou os servidores antes da resistência; bastou, como disse, o telefonema do amigo-apoiador. E então o presidente confessou, em alto e bom som, a sua de intervenção, como agente político, em uma instituição pública, para favorecimento de interesse particular.

Mas, “o que é mesmo este IPHAN, com ph?”. Se ninguém sabe o que é, quem vai ligar para uma confissão de improbidade cometida e expressamente declarada?

Aí que está os busílis da questão: Al Capone, apesar de assassino conhecido e inveterado, foi preso por sonegação fiscal! Cuidado: passos em falso, mesmo que aparentemente pequenos, podem também ser fatais…

E, como diz o provérbio alemão, “o diabo mora nos detalhes”.

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