Custo ambiental
A indignação do cidadão diante da falta de compromisso do Poder Público com o meio ambiente. Assim se norteia o relato do arquiteto Miguel Fontes a respeito do custo ambiental na implementação do Comperj. Segundo o leitor, as obras do Complexo Petroquímico podem gerar interferências ao meio ambiente e não estariam sendo plenamente discutidas.
Confira:
“Prezada Sonia Rabello
Estou ciente de que como vereadora da cidade do Rio de Janeiro, não é de sua competência a gestão de outros municípios. No entanto, penso que as questões relacionadas ao meio ambiente extrapolam as fronteiras municipais e merecem uma política articulada pois interferem em biomas comuns a vários municípios.
Embora o fato não esteja sendo devidamente veiculado nos meios de comunicação, existe um custo ambiental na implementação do COMPERJ, inerente à empreendimentos desta natureza. As obras do Complexo estão em curso em Itaboraí mas suas interferências não se restringem ao municipio, envolvem os municipios vizinhos, principalmente os mais pobres que vislumbram no empreendimento a possibilidade de alavancar suas economias com a ampliação da oferta de empregos, e principalmente o aumento na arrecadação de Impostos. No entanto as interferências no meio ambiente podem ser irreversíveis e não estão sendo plenamente discutidas.
No caso de Maricá, é alarmante a forma como a prefeitura vem conduzindo a questão. Estão sendo veiculandas na mídia, propostas e projetos, supostamente apoiadas pelo população. A prefeitura de Márica usa o desconhecimento e a falta de informação das pessoas para defender a construção de um porto na praia de Jaconé e a construção de uma tubulação de rejeitos industriais para despejo no Oceano junto à praia de Itaipuaçu.
No caso do Porto de Jaconé seria destruido um dos trechos mais preservados do litoral fluminense e de grande beleza. Diversas espécies da fauna e flora teriam seus habitats destruídos, causando danos ambientais irreversíveis . Os possíveis vazamentos de efluentes químicos fatalmente transformariam este cenário natural, a exemplo dos outros portos situados próximo à populações.
No caso do estaleiro, a manutenção de embarcações e plataformas envolvem eventuais despejos de óleo no mar, além da possibilidade real de acidentes provocarem vazamentos de grandes proporções. Isso afetaria drasticamente a vida marinha e a pesca artesanal, prejudicando diretamente a vida de muitas famílias que dependem dessa atividade.
O impacto social e cultural seria desastroso. A região não possui infraestrutura urbana para receber um empreendimento dessa magnitude, não há investimento em moradias, saneamento básico, escolas, hospitais, transporte público, além da possibilidade do aumento da criminalidade decorrente das possíveis mudanças e da especulação imobiliária que já anda galopante na região só pelo simples fato de se veicular boatos de grandes investimentos na região.
Além disso a degradação da paisagem seria inevitável e repercutiria negativamente já que estamos falando de um local vizinho à cidade do Rio de Janeiro que recentemente, teve suas paisagens consideradas patrimônio mundial, por que não estender esse conceito à todo o Estado. A praia de Jaconé é linda não devendo nada as paisagens do Rio. Estão presentes no local uma vegetação exuberante, alem das águas azuis e costões rochosos similares aos encontrados na cidade do Rio de Janeiro.
A instalação de Portos demandam estudos e pesquisas em diversos segmentos, necessitando-se de apresentação de estudos preliminares e alternativas. Estes estudos demandam anos para sua elaboração, dado o fato de complexidade desse sistema. Estes estudos não foram realizados e a população desconhece estes fatos, assim como não foi consciêntizada sobre as concequências, por isso apoia. Diferentemente do que a atual prefeitura de Maricá diz sobre a aceitação, a população de Jaconé, Ponta Negra e da vizinha Saquarema é contrária a construção desse porto.
É preciso informar à população sobre todos os aspectos da questão. A prefeitura de Maricá já cometeu inúmeros erros no que diz respeito à ocopação da orla do município. A aprovação dos loteamentos na praia da Barra, Cordeirinho e toda a extenção da orla, desrespeitando a linha de Berma superior, é um exemplo de falta de um controle urbanistico adequado, resultando na mutilação das restingas junto a praia e causando prejuizo aos proprietários dos lotes a beira mar, que hoje não dispõe de acesso aos seus imóveis, alem de ter seus imóveis invadidos pelo mar quando ocorrem ressacas.
Gostaria de saber seu parecer sobre essa questão.
Atenciosamente,
Miguel Fontes Pinheiro
Arquiteto”