Adeus, Hotel Glória – I

 Os cariocas não tiveram tempo de chorar a perda do Hotel Glória.
O edifício que lá está, já não pode ser reconhecido como o imponente hotel que hospedou celebridades e Chefes de Estado, e que abrigou inúmeros espetáculos em seu inesquecível teatro.

Aliás, foi pelo teatro que a discussão pública se iniciou. Em setembro de 2010 foi publicada no “O Globo” reportagem denunciando que o Teatro Glória deixaria de existir – proposta justificada por um chamado projeto de restauração do hotel.

Em dezembro, a imprensa também publicou a notícia que algumas suítes – inclusive a que abrigou Albert Einstein em sua visita ao Brasil – seriam demolidas. (leia mais)

O que não se sabia, publicamente, era que a licença parcial de demolição – que envolvia praticamente todas as paredes internas do hotel, inclusive as escadas e as caixas dos elevadores – já tinha sido concedida pela Prefeitura do Rio, em agosto de 2009. Ou seja, a discussão começou um ano após o fato consumado.

Então, no momento da discussão, o edifício já vinha sendo devorado pelas entranhas. Com a anuência dos órgãos competentes.A pergunta de hoje é a seguinte: quem foi o responsável por eliminar a importância histórica do Hotel Glória? 

Vamos aos fatos:

1. O Hotel Glória, datado de 1922, é protegido pelo Decreto nº 20048/2001, que determina que a demolição e alteração de edificações construídas até 1937 somente serão autorizadas após pronunciamento favorável do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural

O Conselho Municipal não foi consultado.

2. A Portaria nº 01/2008, do Conselho Municipal de Patrimônio, descreve o objetivo do Decreto acima da seguinte forma: “evitar a demolição e a descaracterização dos imóveis de relevante interesse para o patrimônio cultural que ainda não tenham sido protegidos, cadastrados, inventariados ou identificados.”

Bastariam essas duas informações para determinar que o Hotel Glória não deveria ser descaracterizado ou demolido. Não bastariam?
 

A não ser que alguém tenha, de fato, decidido ignorar a importância histórica do edifício. Ou que tenha lido, de forma muito leniente, os decretos e portarias que dizem respeito ao seu próprio objeto de trabalho.

Ou, ainda, que tenha recebido uma “ordem de cima”, determinando que os processos de demolição e alteração fossem aprovados. Sugestão improvável? Não.

O decreto “P” nº 30425, de janeiro de 2009, do Prefeito do Rio, delega ao presidente do IPP (Instituto Pereira Passos) a competência para adotar todas as providências necessárias à agilização e concretização do projeto de revitalização do Hotel Glória. Essa “ordem” se estende também a todos os órgãos municipais.

Um governo que fala uma coisa e faz outra, com certa regularidade, não deveria nos surpreender ao chamar de revitalização a destruição de bem de importante valor histórico e arquitetônico para a Cidade.

Contudo, nos surpreendemos a cada dia. Por isso seguimos contestando e denunciando decisões como essas, arbitrárias e contrárias ao bem comum.

Recentemente, recebemos uma denúncia de que o Hotel Glória estaria prestes a ser integralmente demolido.

Infelizmente quem nos enviou a denúncia não percebeu que isso, também, já é fato consumado.

Saiba, amanhã, as alegações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) para financiar a destruição desse hotel carioca.

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16 Resultados

  1. Anonymous disse:

    ISSO E UM CASO DE POLICIA. SO A POLICIA FEDERAL PARA PARAR ESSES CRIMINOSOS. A QUADRILHA VOA NOS AVIOES DO CURINGA E ESTAO TODOS COMPRADOS.

  2. O Hotel Glória é apenas um dos tentáculos do empresário Eike Batista naquela região da Cidade. Defronte a ele está a Marina da Glória, espaço público totalmente privatizado inclusive com área de costão rochoso ao final da Praia do Flamengo. Já caminhei por ali e agora não posso mais. A Marina está selada por tapumes datados do Pan 2007, mais um nefasto legado desse evento para a cidade.
    IPHAN e MP são acionados e embargam porém com uma demora que custa, na maioria das vezes, a iniciativa das obras. Veja o caso das estruturas de concreto que estão no espelho d'água da Enseada da Glória.
    O navio Pink Flit (mais uma do empresário) além de ocupar a Marina instalou uma tenda branca (totalmente marrom de sujeira) que simplesmente impede a visão do Pão-de-Açúcar para quem está na Enseada da Glória passeando.
    Cadê a Prefeitura dessa Cidade?

  3. Sonia Rabello disse:

    Agradeço a participação de todos, e informo que nesta semana estaremos agindo, além de prestarmos informação.

  4. Anonymous disse:

    só posso imaginar que hoje quem manda nisso tudo é ele, Eike Batista, muita grana de rolar e ninguém faz nada, pois todos os que poderiam agir devem estar comprometidos ou não podem fazer nada.É uma perda lastimável.Temos que ter atenção , pois temos outros Patrimônios Culturais,e que de uma hora para outra podem não estar mais aí…e ser tarde!!!

  5. Anonymous disse:

    Passei pelo Hotel Glória e levei um choque. Gritei pra dentro > Foi assassinado, a estupidez reina!
    Sônia, acompanho sua batalha, votarei, mais uma vez em você. Continue com garra e coragem por nosso povo e nosso patrimônio cultural.
    Martha Pires Ferreira

  6. Anonymous disse:

    Peço à ilustre vereadora que represente a população do Rio de Janeiro e apresente denúncia junto ao Ministério Público contra esse arbitrário abuso de poder por parte do Sr. Eike, que pensa ser o todo-poderoso da cidade…

  7. Anonymous disse:

    Sonia,
    E por que você não provoca o Ministério Público para que tome alguma providência? Ou melhor, por que como vereadora e advogada não propõe alguma medida judicial para que os responsáveis sejam obrigados a reconstruir tudo? Isso é possível.Vale lembrar que a cidade de Dresden na Alemanha foi reduzida a pó na segunda-guerra e depois reconstituída.
    Acho que não basta espernear. É necessáro agir.

    http://veja.abril.com.br/030500/p_166.html

  8. Anonymous disse:

    Prezada Sonia Rabello, estou feliz de sabê-la interessada em defender a região do Flamengo e aredores. O Morro da Viúva (Flamengo-Botafogo) tem um processo para a retirada de seis famílias instaladas tendo a entrada pelas Avenidas Oswaldo Cruz e Rui Barbosa, ouvi dizer que já fizeram + 2 duas casas. Há moradores dos prédios que ameaçam deixar de pagar o IPTU se continuarem com a ocupação do Morro. Veja o que pode fazer em defesa dessa área toda arborizada com macaquinhos, aves, enfim, um patrimônio verde da cidade. Deus te abençoe e te guarde. Abraço.

  9. Anonymous disse:

    Inacreditável, passei por lá recentemente e vi o edifício completamente oco. Por coincidência estava na companhia de um colega arquiteto, especialista em Patrimônio, e membro do Conselho Municipal. Perguntei-lhe como havia sido permitido tamanho crime contra o patrimônio Sua resposta foi vaga e burocrática: alegou que o edifício sofrera muitas intervenções ao longo dos anos e o Iphan não chegara a um acordo sobre "qual momento deveria ser restaurado". Isso fere totalmente as determinações da Carta de Veneza que preconiza que todas as épocas devem ser respeitadas, portanto que fosse restaurado pela sua última fisionomia antes consumado o vandalismo movido pela ambição mefistofélica do Sr Eike "tudo pode" Batista.
    A atuação de nossos orgãos de preservação atualmente matariam de vergonha seus idealizadores, como Rodrigo de Melo Franco.
    Não vejo em nenhuma das instituições o interesse de uma pesquisa mais aprofundada sobre a edificação tombada antes de começar um processo de restauro. A pesquisa (precária( anda junto com a obra e com isso muito se perde. Sofrem de cegueira e vaidade.

  10. Cristina Reis disse:

    Não tem nenhuma associação de moradores da área que possa entrar com uma ação civil pública para o embargo da obra no Ministério Público do núcleo do Patrimônio Cultural? Realmente, que há muito tempo que não ia ao centro da cidade de ônibus, que, tanto na ida e na volta, passei pelo Aterro do Flamengo, deparei por duas vezes que a fachada está totalmente mudada. O senhor Eike Batista é um criminoso que não tem sensibilidade em saber o que é um patrimônio cultural. Que pegue todo o seu dinheiro e que gaste lá fora que não precisamos dele.

  11. Sergius disse:

    Tenho certeza de que se não der para embargar tamanha transgressão, o país ainda tem leis suficientes para depor o prefeito e fazer com que os transgressores somente executem o que for determinado pelo decreto nº 20048/2001 e pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural.
    Acredito ainda que se possa mandar investigar o uso dos valores entregues pelo BNDES, nem que seja pela Receita Federal.
    Quem sabe não começamos por aí a moralizar a bandalheira nacional e a identificar os nossos Al Capone?

  12. ARquiTEtura disse:

    Sonia…Boa Noite
    No inicio 2010 conversando com amigos aqui em SJK,SP onde moro agora, que trabalham na Prefeitura do Rio, perguntei sobre as obras de restauração do Hotel Glória, me disseram que analisavam junto com o pessoal do Conselho Mun.de Patrimonio, para aprovar o projeto de um predio anexo para garagem.
    Perguntei ainda sobre a restauração, como estava se iniciando e pelo que eu havia lido o proprietário, Eike estava interessado em manter as caracteristicas originais, agora vejo essas fotos e não dá para acreditar!
    Tem como seus acessores verificarem o andamento das obras, sozinhos ou junto com fiscais da Prefeitura.
    Abraço

    Ah não repare…mas não posto no meu blog há tempos…muita correria.

  13. Pedro Pereira de Souza disse:

    Algo a ser comentado ainda é o tempo que está durando toda essa demolição. Até parece que o financiamento foi concedido mais para a demolição do que para a construção de um hotel. Pode-se mesmo falar em construção porque realmente não há mais nada a ser restaurado. Parece ser normal que um financiamento para obra obedeça a um prazo. Será que isso está sendo observado?

  14. Sonia Rabello disse:

    Resposta ao Anônimo: não estava na Câmara de Vereadores, mas agora estou (2011/2012). E, para tentar evitar estas barbaridades, que quero continuar lá. Conto com seu apoio, e de todos os cidadãos da nossa Cidade, que se identificam com nosso patrimônio cultural, e querem preservá-lo para as futuras gerações.

  15. Anonymous disse:

    E onde estava nossa vereadora enquanto tudo isso acontecia?

  16. patricia maya disse:

    há algo q possa ser fieto?

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