AUMENTO DE PASSAGENS DE ÔNIBUS: decisões administrativas compreensíveis?
No dia 2 de janeiro, o carioca acordou com a publicação do aumento do preço de todas as passagens para transporte coletivo da população.
O aumento, em todos os ônibus, foi de 10%: muito além da inflação, que pelos índices oficiais, nos últimos 14 meses foi de: IPCA 7,18, IGPM 5,63, IPC 6,26 e caderneta 8,09!
Mas, de onde a Prefeitura tirou este índice redondo de 10%? Afinal, o aumento da tarifa de ônibus é um preço público que afeta diretamente a população mais pobre em dois aspectos fundamentais: o da moradia e do emprego. Nos dois casos, sacrificando sempre os carentes desses dois aspectos básicos da vida da maioria dos cariocas.
Segundo noticiado por um jornal carioca, o Ministério Público (MP) cobrará explicações da Prefeitura do Rio, para o reajuste das passagens de ônibus no município acima do índice da inflação.
Ontem, 03.01, foi instaurado procedimento preparatório de inquérito civil. O promotor de Justiça, Augusto Vianna Lopes, da Tutela de Defesa do Consumidor, oficiou a prefeitura para que apresente os estudos técnicos que embasaram o aumento de 10%. (link)
O Tribunal de Contas do Município (TCM) foi informado, antecipadamente, sobre os cálculos para o índice de aumento deste preço público? Se não foi informado, não poderia controlar antecipadamente.
A Câmara de Vereadores não foi informada, até porque não aprovou qualquer lei que estabelecesse parâmetros para o controle do aumento dos preços públicos praticados pelas concessionárias desses serviços.
E, se não há parâmetros legais estabelecidos por lei, antecipadamente, há extrema dificuldade de controle da decisão do Executivo.
A decisão de aumento de 10% de “reajuste” no preço desse serviço público (muito além da inflação dos últimos 14 meses, repito) foi exclusivamente do Executivo, e determinada por resoluções do Secretário de Transporte.
Nos fundamentos que deveriam explicar o por quê do aumento maior do que a inflação, contidos na Resolução 2169 de 29 de Dezembro de 2011, o secretário só menciona as cláusulas do contrato de concessão que, para o público em geral, nada explicam.
O aumento de preço público de passagem de transporte coletivo deveria ser uma decisão administrativa explicada com maior clareza e transparência, para que todos pudessem entender o por quê: tudo com tabelas e demonstrativos publicados no diário oficial, explicando como se chegou àquele valor. Neste caso não foi. Nem o TCM sabe, nem a Câmara. Esta última porque não exigiu, em lei, a clareza desses parâmetros.
Leis autorizativas para o Executivo fazer, como quiser, os serviços públicos têm sido constantes nos projetos de lei enviados à Câmara de Vereadores: neste último ano que lá estive, houve vários “cheques em branco”, como o da concessão para a via Transolímpica, o da licitação do esgotamento da Zona Oeste, o da doação de terreno público à GE, por exemplo. Tentei emendar todos, para estabelecer parâmetros, mas sem sucesso, (por enquanto, espero…).
O Executivo manda, e os vereadores da “base” aprovam. Tudo conforme é mandado: livre, leve e solto. A consequência é esta: os vereadores que aprovam estas leis abrem mão, pela população, de parâmetros de controle. Se queixar depois a quem?
Ou seja, sem vereadores que queiram estabelecer controles para o executivo, por lei, não há prefeito eleito controlável, por melhor que ele possa ser, ou aparentar !
É incrível (no sentido de que não é possível crer) o que o Executivo desta cidade está fazendo com a população: sinais de descaso já foram dados diversas vezes. O próximo passo será a enorme quantidade de inaugurações em 2012. Até a Cidade da Música será usada para reeleição. E, continuando como está, a tarifa dos ônibus está só no início da progressão. Vereadora, por favor, lute por nós!!!!
Obrigada pela sua leitura, Larissa.
Post muito bom! Elucidou várias questões. Lá em Teresina também tão tentando um aumento absurdo de 10%. A população fez protestos, mas não sei o ministério público entrou em ação.