Autódromo de Deodoro: uma escolha de Sofia?
1. A retirada do Autódromo do Rio da área pública original da Barra/Jacarepaguá foi uma decisão do governo para destiná-la ao chamado Parque Olímpico, que, ao fim e ao cabo, ocupará apenas 30% dela, sendo que os 70% restantes serão destinados ao mercado imobiliário.
2. É verdade que os equipamentos do Parque Olímpico poderiam, ao invés de serem construídos na Barra, serem construídos em Deodoro, na imensa área pública federal lá existente, ao lado da área verde, para onde está sendo direcionado o futuro autódromo. Bem serviria à população local, tão carente de tais equipamentos públicos de lazer.
3. Mas a decisão governamental não foi tão simples. Desmobilizando o autódromo existente, não é razoável que se crie, com isso, uma ameaça ambiental para uma das poucas reservas verdes – remanescente secundária da Mata Atlântica – existente naquela área da Cidade do Rio. A apenas 1,5 Km da área verde a ser obrigatoriamente preservada existe uma área já devastada, que poderia receber o novo autódromo, e que mereceria ser, para isto, recuperada ambientalmente.
4. Oferecer à Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), para nova localização do Autódromo, uma área verde, é um presente “de grego”, pois o governo bem sabe dos enormes problemas que a Confederação terá para aprovar e executar ali o novo Autódromo. E, se, eventualmente, a CBA superar todos os problemas e ações ambientais, receberá de presente, do governo, a responsabilidade por ter se oposto à conservação de uma área protegida por lei, de relevante interesse ambiental e paisagístico. E, por que, se não foi a Confederação quem escolheu sair de onde já está?
5. O Conselho do Meio Ambiente do Município, ao analisar essas propostas de localização, pretendeu antecipar-se aos problemas urbanos e ambientais futuros que, certamente, ocorrerão, caso se insista em danificar uma enorme área verde de Mata Atlântica, para se construir ali um equipamento poluente, como se não houvesse uma outra opção!
6. Os bairros de Deodoro, Guadalupe e Ricardo de Albuquerque são diretamente interessados, tanto em manter sua área verde, como em ter todos os equipamentos esportivos que merece. E pode ter os dois. É um absurdo impor a essa região do Rio uma perversa “escolha de Sofia”: ou “isso” ou “aquilo”, como se ali os seus moradores não fossem merecedores de ter os dois benefícios: o verde e o esporte. Por que não?
O autodromo tem que ficar onde está! Que escolham um lugar pro Parque Olimpico: Deodoro, Vargem Pequena, Vargem Grande, Campo grande, Estrada dos Bandeirantes onde querem colocar os moradores da Vila autodromo… tem muito lugar pra construir o parque olimpico sem ser no nosso tradicional e querido autodromo de Jacarepaguá.
Os comentários são benvindos. Eles mostram que as decisões públicas de mudança de mega equipamentos devem ser muitíssimo planejadas, e discutidas com a população, com audiências públicas. Onde estão os projetos completos?
Caro Marcelo Uchoa,
Pelo visto o senhor não sabe que durante todo o ano são realizados eventos no autódromo e não somente uma vez ao ano, como o senhor disse. Existem eventos de motos, carros e caminhões. Entendo e concordo com o senhor que existam muitos problemas a serem sanados pelo governo, porém a questão aqui é sobre um dinheiro que já foi destinado à construção de um novo pólo olímpico no local do atual autódromo, e sobre a escolha equívoca do novo local do mesmo. Existe um cronograma financeiro, cada setor recebe uma porcentagem. Não estou dizendo que não concorde com o senhor, devido aos problemas atuais (maiores) da cidade, mas também não posso deixar de dizer que atrás do assunto "especulação imobiliária" existem famílias que tiram seu sustento com os eventos no autódromo, por isso não diga que "a sociedade do RJ" não pediu isto, pois a partir do momento que o senhor não frequenta, e não sabe realmente o uso, não pode falar por todos. Reflita!!!
Vereadora, O RJ não precisa de autódromo. Este esporte só gera lixo e poluição. Para que construir um autódromo a ser usado uma vez ao ano? Deve ser para dar dinheiro a empreiteiras. A sociedade do RJ não pediu isto. São os empreiteiros que querem ganhar dinheiro com mais esta obra. E o povo tonto vai pagar por este elefante brando que não vai utilizar. A população quer escola e posto de saúde perto de casa. Quer transporte limpo e eficiente para ir ao trabalho e para voltar para casa. Isto a prefeitura e o estado não querem oferecer à comunidade. Estou meio farto de ler tanta bobagem na internet.
Apoiado e aprovado. Trata-se da única área verde (Mata Atlântica) remanescente na região, que beneficia não somente os bairros citados, mas também Anchieta e Parque Anchieta. A vinda desse "Elefante Branco" consttui-se eme mais um exemplo da latrina que se transformou os bairros da região.
O replantio de árvores ao longo da vias publicas dos citados bairros de nada servirá para reverter os sérios impactos ambientais.
Olimpíadas são efêmeras. No entanto, o meio ambiente deve ser perene. SOS Restos Mortais da Mata Atlântica!
Professor Wanderley Carreira.