Célio de Barros: cofres públicos reconstruirão o que o privado derrubou
Ao custo de R$ 10 milhões, a pista de atletismo do estádio Célio de Barros deverá ser reconstruída com recursos públicos, após ser demolida pelo consórcio contratado pelo Estado para modernizar o Maracanã para a Copa do Mundo.
Para tanto, de acordo com publicação veiculada na mídia, o governo do Rio de Janeiro resolveu recorrer ao Governo Federal.
Sem recursos para bancar a reconstrução do equipamento esportivo, a Secretaria Estadual de Esporte e Lazer solicitou a quantia ao Ministério do Esporte para tocar a obra, que já deu parecer favorável. A aprovação oficial deverá ser dada até o fim deste mês.
Canteiro de obras – Durante a reforma do Maracanã, como o Estádio Célio de Barros seria demolido e reconstruído em outro lugar, o Consórcio Maracanã 2014 transformou a instalação em um canteiro de obras e, durante a disputa da Copa das Confederações, em estacionamento.
Após uma onda de protestos populares, incluindo atletas e confederações, em agosto, o governador do Rio desistiu da demolição. Desde o anúncio de sua manutenção, entretanto, nada foi feito.
O vandalismo oficial
Antevendo possíveis críticas quanto à necessidade de se reconstruir uma estrutura que já era utilizada por centenas de esportistas e que foi palco de consagração de inúmeros medalhistas nacionais e internacionais, o poder público já deixou claro que o custo milionário para a recuperação de um equipamento que foi derrubado pela iniciativa privada não é necessariamente um gasto que poderia ter sido evitado.
De acordo com a Secretaria de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, o Célio de Barros não foi reformado para o Pan de 2007. Logo, a pista já teria de ser refeita, acrescentando que o equipamento era antigo.
Mas, reparar e reconstruir são iniciativas que podem ter seus gastos necessariamente equiparados ?
Mesmo que no infeliz enredo da política do rápido e mal feito, fatos como este não deixam de causar surpresa. Faltou planejamento ou sobrou imposição do poder público ?
Não seria vandalismo público a demolição deste estádio esportivo, agora à espera de sua reconstrução ? O Estádio Esportivo Célio de Barros e o Parque Aquático Júlio Delamare foram tombados pelo Município como bens culturais da Cidade, além de serem, oficialmente, bens que compõem o entorno, a ambiência protegida do bem tombado federal – o Maracanã.
Como foram, nessas condições de proteção legal, objetos de demolição?
A diferença entre o vandalismo popular e o oficial está apenas nos métodos de ação. O vandalismo oficial de destruição do patrimônio público não se dá por rompantes, mas por um articulada montagem jurídico-política que se serve de uma pseudo-legalidade, construída em processos administrativos. Tudo parece legal, mesmo sem ser.
O imbróglio, provavelmente, ficará soterrado sob as novas obras milionárias arcadas pelo poder público em um espaço que precisava ter sido, antes, revitalizado e não destruído.
E a próxima vítima será a Perimetral. A ser derrubada sob uma argumentação frágil e duvidosa. Depois é depois…