COI e FIFA: entidades privadas, custos públicos
O que é o COI – Comitê Olímpico Internacional? O que é a FIFA – Federação Internacional de Futebol? Entidade da ONU? Entes filantrópicos? Empresas internacionais? Quem são os seus donos?
Importa saber, já que são eles – o COI e a FIFA – quem mandam e desmandam nas cidades e nos países onde realizam os dois megaeventos mundiais, e que envolvem bilhões de dólares em negócios e em gastos públicos. E tudo com o entusiasmo e aquiescência, quase que uma idolatria, de toda uma população! Aliás, é esta idolatria que embasa e justifica a ação política bilionária de gastos públicos nestes eventos.
COI e FIFA são entidades privadas de atuação internacional, cujo negócio é a venda da organização dos jogos olímpicos/copa de futebol, cuja marca eles são os donos exclusivos. E eles negociam tudo o que a eles está relacionado, e que tem dentre seus patrocinadores exclusivos a General Electric (GE) e a Adidas, por exemplo.
Em trabalho de tese excepcional que deverá ser publicada em breve (O Poder dos Jogos e os Jogos de Poder), a Drª Nelma Gusmão de Oliveira (NGO), apresenta dados estarrecedores, que iremos, aos poucos comentando neste blog, para que nossos leitores façam por si suas deduções.
Gastos públicos – No começo da candidatura do Rio falava-se que não haveria gastos públicos e que os jogos seriam financiados pela “iniciativa privada”. Pura bravata, pois os compromissos da candidatura (2009) já incluíam, por exigência do COI, o compromisso público (sobretudo da cidade) nos investimentos.
Segundo NGO, “os valores assumidos pela candidatura carioca representaram o equivalente a mais de duas vezes e meia o valor da segunda candidatura mais cara. Enquanto a candidatura do Rio de Janeiro previa um custo total de U$16,3 bilhões (ou seja, cerca de 32 bilhões de reais), a de Chicago previa apenas U$4,43 bilhões, a de Tóquio U$ 5,95 bilhões e a de Madri U$6,11 bilhões”. Estes são os custo iniciais estimados*…
Os números são tão estratosféricos que escapam a compreensão de nós, pobres mortais. Mas, por eles, e pelos negócios internacionais envolvidos, dá para se ter uma pálida ideia do porque da obstinação política em realizar estes eventos a qualquer custo na cidade.
Oh COI, como dói!
Vamos continuar divulgando e comentando as informações e os dados apresentados no trabalho da Drª. Nelma, a quem muito agradecemos não só a realização da pesquisa, como também pelo convite para compor, no último dia 15, a banca examinadora desta sua tese junto ao IPPUR/UFRJ.
*Para termos uma ideia da grandeza destes valores, a receita estimada de todo o ministério das cidades (leia-se: investimento federal direto em trânsito, saneamento básico, planejamento urbano, habitação), é de:
56000 | MINISTERIO DAS CIDADES | 1.150.962.340,00 | 991.438.036,83 | 86,13 |
e de todo o Ministério da Educação, é de
26000 | MINISTERIO DA EDUCACAO | 65.258.175.058,00 | 14.577.822.212,10 | 22,33 | 3.007,26 | Por Categoria/Origem |
Fonte: Portal da Transparência do Governo Federal
Eu é que agradeço às suas contribuições na Banca, Sônia. Tenho certeza que, após incorporadas ao texto, o trabalho ganhará mais consistência. Obrigada também pela divulgação.
O que me deixa mais afrontada e com raiva de tudo isso, é com tantos bilhões gastos, o que poderia trazer de benefício ao Povo brasileiro? Os gastos com as festividades efêmeras que suplantam a todos os países do mundo que realizaram esse tipo de eventos desportivos, e que temos o maior índice de pobreza rural e urbana, doenças tropicais, analfabetismo, prostituição de criança e adolescente, viciados, poluição, destruição ao meio ambiente em que todos já estamos pagando a conta por sermos um Povo festeiro e despolitizado. Vamos sambar e beber muita cerveja, esse é o lema. Mas não custa nada sonhar que poderíamos ter o melhor ensino e saúde pública, moradia digna para todos e a maior potência nos esportes. O que posso pensar desse Brasil político e econômico que não está preocupado com a a população de um modo geral. É como jogar pérolas aos porcos.