IASERJ: quem responde pelo desmonte do patrimônio público?
Culminou na noite de sábado (14) para domingo (15) uma das mais violentas operações de desmonte da saúde pública no Rio de Janeiro: a retirada de doentes entubados do CTI, a maioria deles pobre, e sem qualquer acompanhamento familiar. Para onde foram? Qual o controle? Quem os retirou de onde estavam internados? Cadê as listas?
Se essas informações estão disponíveis, o público não sabe onde. Dizem que a Secretaria de Saúde do Estado as tem. Mas quem? Este é um Estado de Direito?
Estive no Hospital Central do IASERJ na noite de sábado para domingo e ontem pela manhã. Presenciei tudo, ou quase tudo.
Na noite de sábado, ao chegar, por volta das 22h30, a chamado dos médicos do hospital, após negociações com um cidadão que comandava a entrada no hospital com cadeado, me foi permitido o acesso interno.
Do lado de fora, funcionários, médicos e familiares. Do lado de dentro, as pessoas que “comandavam” a operação de remoção dos doentes do CTI, e que não queriam se identificar.
Todas estavam sem crachá, e relutavam em dizer seus nomes.
O diretor do hospital não teria dado qualquer autorização para a entrada daquelas pessoas que, após entrarem, trancaram o hospital e colocaram tropa de choque na calçada.
Por que retirar doentes do CTI no meio da noite, num final de semana, como se estivessem assaltando um hospital? Por que não fazê-lo com calma e planejamento, já que o Estado do Rio se dizia respaldado por uma decisão judicial?
Se um cidadão não pode se incomodado, em seu lar, após as 18 h para receber citação, é plausível que doentes internados em um CTI público sejam retirados, no meio de uma noite fria, de um hospital para outro, sem familiares, ou sem falarem com os médicos que os acompanhavam? Quem acha isso normal e legítimo?
É que o Estado quer e confia na tese de que o fato consumado é superior a vigência de direitos: direitos básicos de acompanhamento familiar dos pacientes, direito dos médicos-servidores de atender e acompanhar seus pacientes e de avaliar suas transferências.
Eu estou na vigília desde 1º/06, mas nesse fatídico momento eu havia ido em casa e na hora do ultraje eu não presenciei. Ainda bem prque euseria capaz de dar um troço.
Nem nos tempos da ditadura houve um governo tão autoritário assim. Quais os interesses por trás desse absurdo?