Metrô em Ipanema: infrações e perplexidades

A subserviência do governo municipal é fato. E as obras do Metrô do Rio comprovam isso.

Em 2009, a Prefeitura do Rio explicitou, em audiência pública na Comissão Especial do Plano Diretor, que uma das suas diretrizes estratégicas de transporte era o Metrô, mas com a linha 4 passando no seu traçado original – por Botafogo. Veja neste slide  (Fonte: CMRJ, Audiência Pública, enviado por H.Weber).

Em menos de dois anos após essa supostamente séria apresentação da Prefeitura, o Governo do Estado (dito seu parceiro), altera, unilateralmente, o traçado original do metrô em rede, para contratar o linhão 4, por Ipanema e Leblon, contrariando o Plano da Prefeitura. E a Prefeitura se cala, mesmo com o reiterado protesto de 26 associações de moradores!

Depois de contratado o Linhão 4 por Ipanema, são escolhidas pelo Estado, também unilateralmente, os pontos das novas estações deste novo projeto. A mais polêmica é a localizada na Praça Nossa Senhora da Paz, local de lazer da população do bairro, verde, e tombado pelo patrimônio municipal.

Na licença ambiental dado pelo orgão ambiental do Estado – INEA – este condiciona o início das obras à aquiescência dos órgãos de Patrimônio da Cidade e também ao órgão ambiental.

Fizemos, junto a estes órgãos, dois requerimentos, como cidadã e vereadora, argumentando a ilegalidade de qualquer autorização municipal que não cumpra com os requisitos legais. Noticiamos que o processo está em andamento e o Conselho de Patrimônio do Município fez exigências pertinentes aos interessados. (Veja mais informações sobre o andamento do caso)

Mas, subitamente, mesmo sem a aquiescência do Município, as obra se iniciam e a concessionária, desrespeitando os condicionantes da licença estadual de instalação começa a colocar os tapumes na Praça.

E, mais um vez, a Prefeitura faz que não vê. Permite o desrespeito com sua competência, e por decorrência , com todos os cidadãos cariocas que tem nela o órgão executivo de exercício de seus direitos.

Êta governozinho subserviente!

Em tempo: hoje, às 18 horas, o secretário estadual de transporte, assume, mais uma vez, as vestes de mandante municipal e preside uma pseudo audiência pública para apresentar um suposto Plano de Transporte, dito Metropolitano, que sequer foi mencionado pela Prefeitura, na audiência pública ocorrida neste mês na Câmara Municipal. Nada de bom pode vir daí.

E, mais uma vez, esses mandatários vão acreditando que “os cães ladram, mas a caravana (do mal) passa”.

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4 Resultados

  1. Laís Cauduro disse:

    Essa construção da linha 4 dentro da NS da Paz é inexplicável. Porque destruir uma praça viva, que crianças, pais, idosos,deficientes, moradores e visitantes do bairro desfrutam? Derrubar árvores centenárias e dizer que tudo bem porque serão replantadas.Quem engole essa? E o pior, onde está o IPHAN já que a praça é tombada? Onde estão os estudos que garantam aos moradores que não haverá danos aos´seus imóveis, já que pagamos o IPTU mais caro do Rio? Agora temos mais segurança na praça do que nunca, a presença maciça da Guarda Municipal, para nos proteger é que não é já que apareceram junto com as obras do metrô na praça, certamente é para oprimir os moradores que não querem que a praça seja destruída. O Sr. Eduardo Paz (Paz ?) tem certeza de que o Rio é dele, Maracanã, Restinga, N.S. da Paz, entre outros desmandos. Obrigada Sonia Rabello por tocar nesse tema já que a maioria das entidades e nossos representantes nas Câmaras se calam.

  2. Parabéns pela tenacidade, Sonia Rabello. Nós, em Ipanema, contamos com muito poucos que respeitam nossos medos e vontades. A passagem do metrô pela orla da zona sul gera muitas dúvidas: primeiro, em relação à segurança da obra, nunca um túnel foi aberto na areia, no Rio, e o governo não libera os testemunhos de sondagem para que a população tenha certeza de que os prédios não cairão quando da passagem do tatuzão. o solo de Ipanema é feito de areia, argila, rocha triturada, com o lençol freático no meio, e uma cuia salina, que contém a água do mar, entre ele e a Lagoa; em segundo, quais motivos que fazem da NS da Paz esse objeto de desejo do governo estadual, com a anuência do governo municipal; terceiro, esse linhão é uma vergonha, pelo gasto para refazer a estação Gal Osório três anos depois de ela ter ficado pronta, atendendo desejo do reizinho que governa o estado, montado na subserviência do príncipe municipal, e pelo gasto com tantas estações a mais do que o previsto no projeto origina – são nove a mais; e quarto, convenhamos, investir tanto dinheiro para passar o metrô em bairros saturados como Ipanema e Leblon, segundo o Plano Diretor da cidade, enquanto tantos moradores da cidade não têm condução para sair e chegar, é uma vergonha; finalmente, roubar a única praça de Ipanema é crueldade, acabar com um quarteirão verde da cidade é coisa pusilânime, ignorar que a Praça é tombada, isso, sinceramente, é coisa de bandido.

  3. Parabéns pela tenacidade, Sonia Rabello. Nós, em Ipanema, contamos com muito poucos que respeitam nossos medos e vontades. A passagem do metrô pela orla da zona sul gera muitas dúvidas, tanto em relação à segurança da obra, nunca um túnel foi aberto na areia, no Rio, e quanto aos motivos que fazem da NS da Paz esse objeto de desejo do governo estadual. Esse linhão é uma vergonha, pelo gasto para refazer a estação Gal Osório três anos depois de ela ter ficado pronta, atendendo desejo do reizinho que governa o estado, montado na subserviência do príncipe municipal. E, convenhamos, investir tanto dinheiro para passar o metrô em bairros saturados como Ipanema e Leblon, segundo o Plano Diretor da cidade, enquanto tantos moradores da cidade não têm condução para sair e chegar, é uma vergonha. Roubar a única praça de Ipanema é crueldade, acabar com um quarteirão verde da cidade é coisa pusilânime, ignorar que a Praça é tombada, isso, sinceramente, é coisa de bandido.

  4. Para qualquer pessoa civilizada isso parece (e de fato é!) nazi-fascismo enrustido.
    Prefeitura + metro + demais apoiadores condicionais ou nem tanto do projeto determinaram a sua vontade e pronto. Não há bom senso que evite tamanha mixórdia, semelhante abuso de poder, reforçado pelo interesse vago e alheio da justiça estadual, interessada vai-se lá saber em que! E que se lixem os moradores das ruas afetadas pelo traçado do trem subterrâneo, cujas consequências finais são impredizíveis.
    Um geólogo entrevistado pela Sandra Louzada afirma que se de fato houver a predizível subida dos níveis dos mares (como de resto é sabido por quem se dedica a estudar o assunto) as consequências ao projeto, a sua realização e as atividades futuras do mesmo são incalculáveis.
    Ao que se saiba existem, porque foram colocados previamente, sensores de vibrações nos prédios mais altos que são os mais pesados das beiras da referida Praça da Paz (o Forum de Ipanema e o outro cujo nome me foge) com os quais se saberá muito brevemente os danos que porventura venham a sofrer. Esses dois prédios são os mais recentes do lugar mas não se sabe o que poderá vir a acontecer (com a pesada linha férrea a 20m de profundidade) com os prédios mais antigos, menos providos de facilidades e de tecnologia de construção, que são alguns do início do século XX.
    O leitor mais avisado perguntará: e na França, os prédios são do século XVIII-XXIX, mesmo assim o metro e eles convivem harmoniosamente.
    Posso lhes garantir, a tecnologia que usam é diferente, o solo que perfuram, se bem que variado, é diferente do nosso. A tecnologia de perfuração que lhes cabe é dotada de experimentos e experiência de mais de cem anos.
    Mas claro, qualquer sociólogo de meia-tijela pode confirmar isso, que as nossas variáveis humanas sejam outras: não só os seus técnicos e engenheiros (vide o acidente do metro de São Paulo) bem como usuários finais, são outros que os da França ou da Grã Bretanha.
    O impacto humano que essa orgia de construções suberrâneas causará é indiscutivelmente desconhecido, haja tatuzão ou não.
    E para tanto, vejam os exemplos dos prédios dos Centro do Rio de Janeiro, claramente afetados pela linha que passa quase que à superfície e contíguos aos mesmos; um exemplo do que se sabe? O Anexo do Thetro Municipal, ainda de pé como que por milagre, tem os seus alevadores alterados e por isso inutilizados dada à falta de prumo resultante da inclinação do referido prédio motivada pelo buraco perfurado e cuja retenção não pode ser evitada, ao que se saiba. E note-se que o solo arenoso local é assemelhado ao da Praça da Paz: não é uma coincidência, é uma realidade.
    Os equívocos desse projeto que “Avança na Zona Sul” são muitos e nem nos vale nos aprofundarmos no fator ecológico. Pássaros que aí convivem pacificamente, os mesmos que existem na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, até ao Jardim Botânico e subindo a serra em direção à Floresta da Tijuca, esses pássaros não estão protegidos por ninguém, muito menos pela UNESCO que diz que tombou a região — à sua maneira estapafúrdiamente internacional.
    Estamos num beco sem saída. Não se sabe o que poderá acontecer futuramente e muito menos querem os da Prefeitura e os do metro se responsabilizar, de antemão, ao que possa suceder.
    Por fim, que se lixem todos à margem do Oceano Atântico, em suas profusas ostras abissais.

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