O caso Maracanã e a ganância das gestões governamentais
No caso do Maracanã, observamos equívocos desde o começo. Aliás, muito antes do começo. Houve equívoco em 1974, no Governo da fusão, ao não passar o Estádio para o Patrimônio da Cidade do Rio, já que o Estádio é um bem representativo da Cidade e não do Estado do Rio. Na época, (período de ditadura), cabia exclusivamente à pena do governador-interventor, nominar, por decreto, os bens do antigo estado da Guanabara, localizados na Cidade, que passariam ao patrimônio do Município.
O Município recebeu, à época, o mínimo, dentre eles, a atual casa do Prefeito na Gávea Pequena, o prédio da Câmara Municipal e uns poucos imóveis para sua sobrevivência. Isso explica porque o Teatro Municipal é estadual até hoje!
O Estado do Rio foi guloso e continuou sendo em todos os governos que sucederam o governo da fusão (Almirante Faria Lima). É bom lembrar que nenhum dos governadores que sucederam o Almirante – Chagas Freiras, Brizola, Moreira Franco, Marcelo Alencar, Garotinho, Rosinha, Sérgio Cabral e, finalmente, Pezão – foi suficientemente estadista para dar à Cidade do Rio o seu estádio-símbolo.
Parceria sem soluções – O espantoso é que nos últimos oito anos, quando houve a parceria política do PMDB estadual e municipal, personificados nas pessoas de Sérgio Cabral e Eduardo Paes, irmãos siameses na política, esta questão não tenha sido equacionada entre eles; entre o Estado falido e a dita rica capital olímpica.
No tempo da parceria do PMDB no Estado e sua Capital, o estádio símbolo da Cidade estava no centro dos projetos tanto da Copa, quanto da Olimpíada. Na Copa, por razões óbvias. Na Olimpíada, não só por conta dos eventos de abertura e término, mas também em função do complexo esportivo do Maracanãzinho, do Parque Aquático Júlio Delamare e das pistas do Célio de Barros.
Nada foi devidamente equacionado, e o Célio de Barros virou um estacionamento de carros! Por isso, não se explica o motivo pelo qual o governo municipal do prefeito Paes, que investiu recursos substanciosos do Complexo Esportivo do Maracanã e nos seus arredores, não tenha ajustado com seu parceiro político estadual a responsabilidade pelos acontecimentos futuros e pelo destino do estádio-símbolo da Cidade, palco internacional da Olimpíada. Usou, abusou, lavou as mãos e foi embora…
Isso tudo se passou e nenhum dos governantes quis, de fato, fazer cumprir a Lei Orgânica do Município que recomenda, em seu artigo 75 do ADT a reintegração no patrimônio municipal o “Teatro Municipal, o Estádio Mário Filho (Maracanã), o Estádio Gilberto Cardoso, o Estádio Célio de Barros (destruído pelo Estado RJ), e o Estádio de Remo da Lagoa (privatizado pelo Estado)”.
Ao que parece, o Maracanã virou a “Geni” da Cidade. Serviu a todos e abriu as portas para ganância dos políticos; seja em obras bilionárias sob o mando da Copa e da Olimpíada, seja para se deixar vender através de um contrato falido, desde o seu nascedouro de parceria público-privada.
Diria, pobre Maracanã. Não, claro que não ! Ele sobreviverá. Pobre de nós que ainda temos políticos que prestigiam a ignorância, a ineficiência e a inaptidão para gerir o interesse público.