O Flamengo passeia pelo Centro do Rio…
Não foi o clube Flamengo, mas o bairro do Flamengo que, nesta semana, por um decreto do prefeito do Rio (que vigorou por apenas dois dias), saiu de sua localização geográfica na Zona Sul e, “por lei”, passou a ser Centro da cidade! Explico o curioso e até o momento inexplicável passeio.
No dia 29 de junho, o Prefeito do Rio assina um decreto (41906/2016), com uma única frase dizendo:
“Art. 1º. Fica excluído da área de abrangência da IV Região Administrativa, o bairro do Flamengo, que passa a integrar a Coordenadoria Geral do Centro, da Subsecretaria de Integração, da Secretaria Municipal da Casa Civil.”
O assunto despertou polêmica na mídia da internet, pois ninguém entendeu como um bairro, e somente ele, subitamente, se desloca, sem qualquer razão técnica plausível, para fora de uma região administrativa, para ser subordinado, inclusive, à outra Chefia e à outra Secretaria Municipal?
No dia seguinte, a vereadora Leila “do Flamengo”, se manifestou em discurso na Câmara, dizendo que foi um erro em virtude de o prefeito ter saído recentemente de uma cirurgia renal e não ter visto o que assinou.
Mas por que a vereadora teria tido tamanha preocupação com este fato? Teria ela alguma responsabilidade ou influência naquela decisão de gestão administrativa?
Coincidência ou não, o fato é que o filho da vereadora Leila do Flamengo é exatamente o chefe da IV Região Administrativa aonde a referida tem a sua base eleitoral, e aonde estava o bairro do Flamengo, junto com circunvizinhos.
É nesta área que a vereadora coloca faixas e distribui santinhos dizendo das benesses urbanísticas e de serviços urbanos que consegue junto à Prefeitura.
Ora, em tempos eleitorais se aproximando fica, no mínimo desconfortável, que se permita que um vereador absolutamente fiel à base legislativa do prefeito da Cidade tenha seu filho no comando da Região Administrativa da sua base eleitoral territorial.
Para não tirar o filho, optou-se por tirar o bairro do local?!
Se foi para disfarçar esta relação cruzada direta entre um membro do Legislativo e o cargo de seu parente de 1º grau em sua base territorial, o decreto do “passeio do Flamengo” pelo Centro do Rio saiu pela culatra.
Agora, mesmo que revogado, todos sabem que cada vereador da cidade pode se candidatar a pedir ao prefeito um cargo, para parente seu, em sua base territorial eleitoral.
Assim, eleger-se pode se mais fácil.
Nepotismo sem vergonha!