Reforma do Maracanã tem gastos mal explicados

TCE constata desperdício de quase R$ 9 milhões nas obras

O Maracanã ganhou mais um problema em sua reforma visando à Copa do Mundo de 2014. O Consórcio Rio 2014, no qual integra a Delta, construtora que está na mira da Câmara dos Deputados, será investigado por suspeita de gastos excessivos.

Após visita de técnicos ao estádio e inspeção do TCE (Tribunal de Contas do Estado), foi constatado que o desperdício chega a R$ 8,7 milhões em alguns projetos que sequer foram aprovados. As informações são do jornal O Globo.

Além disso, o Consórcio Rio 2014, o qual também fazem parte as construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht, teria tido gastos extras na retiradas das cadeiras do Maracanã, no valor de R$ 226 mil.

No caso, o dinheiro pago foi para a utilização de carretas que transportam 30 toneladas, mas, na realidade, foram utilizadas carretas com capacidade de transportar 3,5 toneladas, que seriam mais baratas. Inicialmente, as obras do Maracanã estavam orçadas em R$ 705 milhões, mas subiram para R$ 931 milhões. Um dos motivos foi o fato da necessidade da construção de uma nova cobertura, derrubando a atual, que estaria bastante danificada.

O governo tem prometido entregar o estádio em dezembro de 2012, conforme exigência da Fifa, para que o Maracanã possa ser uma das sedes da Copa das Confederações no ano seguinte. Receosa, a entidade máxima do futebol mundial já admite estender esse prazo até março de 2013.

Nesta última quarta-feira (22), sete deputados estaduais assinaram um requerimento pedindo explicações sobre os contratos da Delta e da EBX com o governo do Estado. No fim de semana, Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, ia a uma festa de aniversário de Fernando Cavendish, proprietário da Delta, em um resort de luxo no sul da Bahia, quando ocorreu o acidente de helicóptero que matou sete pessoas.

O documento foi assinado por Clarissa Garotinho (PR), Marcelo Freixo e Janira Rocha (PSOL), Flávio Bolsonaro (PP), Luiz Paulo Correa (PSDB), Paulo Ramos e Wagner Montes (PDT) e deverá ser protocolado na presidência da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) na segunda-feira (27).

Os deputados querem cópias de todos os editais e contratos de obras executadas pela Delta, bem como os valores que já foram pagos para a construtora. O requerimento também pede informações sobre isenções fiscais em benefício das empresas de Eike Batista, assim como detalhes sobre o processo de licenciamento do Porto do Açu, de propriedade do empresário carioca.

Após o acidente, Cabral pediu licença “por motivos pessoais” por uma semana. Uma das vítimas da queda do helicóptero, a jovem Mariana Noleto, era namorada de um dos filhos do governador, Marco Antônio Cabral, que também estava na Bahia na ocasião. Cabral embarcaria na mesma aeronave que se acidentou.

O governador terá 30 dias para responder às perguntas dos deputados, que afirmam que a Delta é a empresa que mais recebeu repasses do governo nos últimos cinco anos.

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