Rio – 2016: legado ameaçado?

Profundos atrasos na preparação e no financiamento do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016, incluindo obras e estádios incompletos, esportes sem um plano claro dos locais de disputa, falta de dinheiro, de patrocinadores e um déficit crônico na rede hoteleira são alguns dos desafios enfrentados pela Cidade.

Há três anos do evento, um recente relatório do Comitê Olímpico Internacional (COI) revela de forma nua e crua uma cidade despreparada e com problemas financeiros, contradizendo discursos e promessas políticas.

Paralelamente, as “feridas” abertas pela falta de infraestrutura esportiva instauram um clima de ameaça sobre o legado – ou negado? – a ser deixado pelos Jogos Olímpicos. Será que, mais uma vez, leremos pela cartilha do rápido e mal feito, remendando mais uma nuance de nossa realidade para “inglês ver” ?

Nesta segunda-feira, dia 30, em matéria veiculada na mídia esportiva, levanta-se a questão do Estádio de Remo da Lagoa e o “temor” da Confederação Brasileira de Remo (CBR) quanto à “herança” a ser deixada após a Olimpíada no espaço que também receberá a canoagem de velocidade.

Tudo isso inserido em um cenário de disputa entre entidades ligadas ao Remo e a Glen, empresa que administra o complexo de entretenimento Lagoon, espaço que fica dentro do Estádio de Remo.

De acordo com a publicação, atletas e dirigentes alegam “desrespeito aos termos de permissão de uso firmado entre o grupo e o Estado”, questionando entre outros pontos, de terem que pagar estacionamento para treinar no local e de infiltrações nas garagens dos barcos. Ressalte-se que o imbróglio ocorre em um importante palco dos Jogos Olímpicos de 2016. 

Abandono do uso público esportivo

Um dos ícones cariocas, a Lagoa Rodrigo de Freitas e suas águas públicas, hoje, ainda aguarda o soerguimento de um esporte que já foi a grande vedete do Rio – o remo. E causa espanto o quase que total “esquecimento”  do seu uso esportivo.

Leia-se nesse abandono, a ausência de piscinas públicas, atracadouros de barcos de passeio, clubes náuticos na baía que se abram para aluguéis de windsurf e outros esportes aquáticos, nada de rios limpos – nem mesmo o Rio Carioca que desce para a Baía da Guanabara, escondido e poluído.

Conforme já dito anteriormente, questionamos, o Píer Mauá, na beira da Baía, deixará de ser um embarcadouro de barcos para ser cimentando pelo Museu do Amanhã ? Um píer que não é pier; um museu em um píer? Por quê?

Ainda de acordo com a publicação veiculada, atualmente, os remadores têm que pagar estacionamento – são mais de 350 vagas no complexo de lazer – enquanto treinam, e muitas vezes, visitantes são orientados a parar na frente das garagens dos barcos, impossibilitando a entrada e saída dos mesmos. 

“A Glen explora o espaço de maneira comercial, mas o benefício para o esporte não existe. Não tenho nada contra a empresa, mas o que acontece hoje é o inverso ao incentivo para a prática do esporte. O letreiro foi retirado ( com a inscrição ‘Estádio de Remo’, sem justificativa, substituído pela inscrição ‘Lagoon’), o número de tanques de treinamento foi reduzido, os atletas pagam estacionamento, veículos impedem a saída de barcos na área dos boxes. Não é o ideal e estamos ‘espremidos'”, disse o presidente da CBR, Edson Pereira Junior, em entrevista.

Duas ações do Ministério Público do Rio de Janeiro contestam a concessão. A primeira questiona a falta de uma licitação pública para definir que empresa administraria o Estádio de Remo, enquanto a segunda discute o 3º termo aditivo do contrato, que livrou o operador de pagar a reforma das arquibancadas para o Pan de 2007, gerando um custo de R$ 13,2 milhões aos cofres públicos.

Reconquista da área pública – Atualmente, o estádio na Lagoa tem capacidade para armazenar em seus boxes apenas oito barcos. Nos Jogos de Londres, 550 remadores e 250 canoístas participaram das provas.

De que forma, hoje, atender aos grandes eventos internacionais e projetos de turismo esportivo com um espaço para barcos limitadíssimo e a divisão do local ? Isso, além da falta de um centro de treinamento ou local para abrigar atletas.

Assim como queremos uma Marina no Parque do Flamengo, de barcos e para barcos, queremos na Lagoa Rodrigo de Freitas um Estádio de Remo para o remo!

O local – o Estádio de Remo da Cidade do Rio de Janeiro – hoje disfarçado de “Lagoon”, é o local destinado por lei para o desenvolvimento do referido esporte.

E, com as Olimpíadas, o projeto da reconquista desta área pública para o seu verdadeiro destino é um compromisso da cidade. Uma área pública a ser reservada ao público esportivo !

Para compreender melhor a proposta, não deixem de ler e divulgar este documento preparado pelo Movimento “SOS Estadio de Remo”, sobre o assunto. 

Confiram também:

“Em defesa do Remo”

“R$ 30 milhões no lixo?”

“O monstro do Lagoon”

“(Ex) Estádio de Remo: um projeto que se esvai”

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1 Resultado

  1. Cara Sonia, estive a convite do Alexandre, na reunião com representantes do COL – Comitê Olímpico Local, e ficou claro que deveriam ter se aproximado antes da candidatura, e como foi dito no texto, o retorno a sua finalidade é fundamental! Além disso com todo o material que vai sobrar, poderia ser destinado ao terreno de 25.000 metros quadrados da antiga Marina Governador, onde o Ministério da Pesca queria construir um Terminal Pesqueiro Público! E graças a você e outros políticos da frente parlamentar conseguimos evitar!

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