Rio de Janeiro: vulnerabilidades aos Impactos das Mudanças Climáticas
Os ônus diretos da exploração do Petróleo
Juntar a teoria à prática é difícil. Mais ainda juntar aos movimentos políticos.
O Rio vive um momento de quase euforia econômica, desconsiderando, solenemente, a inflação no preço das moradias. Isso acontece desde que fomos destacados com uma das sedes da Copa de 2014, e como sede das Olimpíadas de 2016.
Fazer ponderações quanto aos problemas pode ser visto como politicamente incorreto, como no tempo do “Prá frente Brasil”. Naquela época eram os militares que estavam no poder. Agora, os governantes eleitos. Mas a carência de informação ainda é praticamente a mesma.
Antes da Copa, em 2012 teremos o RIO +20, Conferência Mundial para uma reavaliação da ECO 92, duas décadas depois . É nosso tema, sobretudo quando é certo que os Impactos da Mudanças Climáticas afetam drasticamente as áreas social, de saúde e de meio ambiente.
No dia 24 de março foi apresentado na Secretaria Estadual do Ambiente o estudo, contratado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), denominado “Mapa de Vulnerabilidade da População do Estado do Rio de Janeiro aos Impactos das Mudanças Climáticas nas Áreas Social, Saúde e Ambiental”.
O documento sintetiza aspectos ambientais, sociais e de saúde humana sensíveis à variabilidade climática, associados a cenários futuros de mudança global do clima, considerando os dados climáticos de 1960-1990 e os projetados para o período 2010-2040.
A pesquisadora e coordenadora geral do projeto, Martha Macedo de Lima Barata, citou a Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei no 12.187, de 29/12/2009), que define vulnerabilidade como o grau de suscetibilidade e incapacidade de um sistema de lidar com os efeitos adversos da mudança do clima, em função de sua sensibilidade, capacidade de adaptação e taxa de mudança e variação de clima a que está exposto.
Segundo Martha Macedo, foram adotados quatro índices para mensurar as condições de vulnerabilidade de cada município: saúde; social da família; ambiental; e cenários climáticos, sendo, depois, reunidos em um índice geral, o Índice de Vulnerabilidade Municipal – IVM, que sintetiza a vulnerabilidade ponderada do município.
No aspecto saúde, por exemplo, foram selecionadas, para compor o Índice de Vulnerabilidade da Saúde – IVS, quatro doenças presentes de forma endêmico-epidêmica no estado: dengue, leptospirose, leishmaniose tegumentar americana (LTA) e diarréia em menores de cinco anos de idade, que apresentam formas de transmissão e persistência relacionadas com o clima ou podem se dispersar espacialmente devido a processos migratórios desencadeados por fenômenos climáticos.
O Índice de Vulnerabilidade Social da Família – IVSF, organiza informações acerca das diferentes famílias que convivem no cenário social do estado, possibilitando a identificação de grupos sociais mais vulneráveis.
O Índice de Vulnerabilidade Ambiental – IVAm, inclui características de sistemas biofísicos vulneráveis aos efeitos do clima, bem como uma série histórica de eventos meteorológicos extremos, conforme registro da Defesa Civil.
O Índice de Cenários Climáticos – ICC, sintetiza, para cada município, a diferença esperada (anomalias) de temperatura e precipitação, considerando o “clima atual” e projeções climáticas, baseando-se nos modelos climáticos globais do Hadley Centre, do Reino Unido, e regionalizados para o Brasil pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE.
Os modelos globais podem seguir os vários cenários previstos pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o IPCC, em relação às emissões futuras de gases de efeito estufa. Para as pesquisas da Fiocruz, foram escolhidos os dois piores cenários, aqueles onde os combustíveis fósseis continuam ser utilizados sem controle no mundo. Ou seja, PETRÓLEO!!!!!
Todos os índices são normalizados de zero a um, para uma análise sintética da situação, permitindo aos gestores municipais clareza para atuarem no sentido de diminuir as vulnerabilidades de seus municípios.
Cinco municípios figuram no topo de lista de casos de dengue no Estado do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Campos dos Goytacazes, Angra dos Reis). Por sua vez, três (Rio de Janeiro, Paraty e Angra dos Reis) destacam-se por elevado índice de vulnerabilidade ambiental.
O documento pode ser encontrado integralmente na página da SEA, através deste link
Ver para crer? Com a palavra a Petrobrás e a CSA. Quem pagará esta conta?