Canudos: só o passado nos mostra que o futuro depende da nossa persistência
Num Brasil tão sem perspectivas, uma passagem do livro de Vargas Llosa sobre Canudos – “A Guerra do Fim do Mundo” – me fez ver que a construção do futuro é lenta, dramática, ideológica e deve ser persistente.
Os brasileiros que se uniram na desesperança de Canudos, sob a liderança mística, religiosa e radical do “santo” Conselheiro, todos eles dramaticamente despojados de tudo, lutavam inspirados no outro mundo celestial, porque no mundo terreno já haviam perdido todas as suas perspectivas.
E eles rejeitavam, como se fossem do diabo, todos que eram “republicanos, os que acreditavam na separação da Igreja do Estado, naqueles que destronaram o Imperador Pedro II, naqueles que aceitavam o casamento civil (só a Igreja podia casar…), nos que aceitavam os cemitérios laicos, no sistema métrico decimal, nos que respondiam às perguntas do censo, …”
Tudo isto que hoje nos parece absurdo, e passado, aconteceu e era crença de muitos há pouco mais de uma centena de anos. Ou seja, há muito pouco tempo.
Hoje, o radicalismo assume outras falas. Se aquelas foram superadas, as do nosso tempo também podem ser.
Portanto, há esperança, desde que haja resiliência e fé no que cremos. Haja coração!