Transporte público no Rio : Usuário em segundo plano
No Rio, já foi anunciado o aumento do valor da passagem do Metrô de R$ 3,10 para R$ 3,20, autorizado pela Agetransp, a agência do Governo do Estado, que fiscaliza o serviço prestado pelas concessionárias, para o próximo dia 2 de abril.
E você sabe quanto custa o bilhete único em Paris?
1,70 euros, ou R$ 3,99, com direito a deslocamento por toda a cidade. Mas, se você compra o bilhete com 10 viagens há, obviamente, desconto: o carnet com 10 bilhetes custa € 12,70, equivalentes a R$ 29,84. Já vai ficando mais barato do que no Rio Maravilhoso.
Em Paris, o Metrô se conecta com toda a rede do Metrô (veja a planta abaixo), e com toda a rede de ônibus que circula à vontade.
Planta do Metrô de Paris
Planta das linhas de ônibus de Paris
Mas, não é só isso: lá, quanto mais você anda de transporte coletivo, menos se paga, estimulando-se assim o uso do transporte público. Para isso existem os bilhetes semanal, mensal e até anual. O carnet semanal custa € 19,15 (R$ 45,00) e o mensal custa € 62,90 (R$ 147,81).
Só que tem mais um detalhe, que muda tudo. Com o bilhete semanal, mensal ou anual o usuário entra a qualquer hora e ilimitadamente em toda a rede de metrô da cidade, e em toda a rede de ônibus urbano, a qualquer hora, em qualquer dia, quantas vezes quiser.
Se o usuário tiver que fazer 10 ou 20 deslocamentos em um dia da semana, ou mil viagens na semana, e ainda passear no final de semana, e tiver o bilhete semanal, ele pode fazê-lo à vontade.
Este sistema funciona há décadas em Paris e em muitas outras cidades européias, a exemplo de Berlim, e americanas. Mas aqui não. Essa democracia no acesso à cidade ainda não chegou.
Para o usuário, que não tem carro, o preço da passagem é sinônimo de segregação espacial.
Integração mais cara
A partir da próxima segunda-feira, dia 19, o usuário que utiliza a integração metrô-trem pagará 17,85% a mais pelas duas conduções somadas, uma vez que as concessionárias SuperVia e MetrôRio, após 12 anos, decidiram suspender a “promoção” que mantinham, em conjunto.
Não haverá mais a venda de tíquetes integração e, em lugar de R$ 4,20, o passageiro que usar os dois transportes seguidamente, em seus itinerários, pagará o valor cobrado no Bilhete Único estadual, ou seja, R$ 4,95 !
A justificativa apresentada pelo MetrôRio foi o fato de haver “vulnerabilidade” no sistema de venda de tíquetes de papel no modelo integração. A empresa não explicou que vulnerabilidade seria essa.
Nossos governos, que se dizem modernos e eficientes, estão há anos luz da modernidade. Não conseguem se entender e nem articular, na Cidade do Rio, a conexão tarifária entre ônibus urbano e metrô!
E, apesar dos governos municipal e estadual se dizerem tão irmãos, parece que estão juntos para disputar o faturamento nas concessões de transportes públicos a empresas privadas que os exploram.